Setor de rochas do sul do Estado tem duas mortes em menos de um mês
Em menos de um mês, dois trabalhadores do setor de rochas ornamentais do sul do Espírito Santo morreram em acidentes de trabalho. No último dia 3 de fevereiro, a vítima foi Carlos Eduardo Lopes, empregado da empresa Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, de Cachoeiro de Itapemirim. Nessa quinta-feira (15), faleceu o jovem Carlos José Coutinho Júnior, de 22 anos, da empresa CS3 Revestimentos, de Castelo.
Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mármore, Granitos e Calcário do Estado (Sindimármore), Carlos Eduardo Lopes estava na operação de transporte de chapas de mármore no equipamento chamado de ponte rolante, quando uma correia se rompeu e as chapas caíram sobre ele. Já Carlos José Coutinho Júnior, que atuava como expedidor de mercadorias, teria ficado imprensado entre uma coluna e um equipamento.
Nos dois casos, há indícios de irregularidades, segundo o presidente do Sindimármore, Amarildo Siqueira. "Carlos Eduardo era operador de forno, só que ele também tinha que operar ponte e fazer outros serviços. Acúmulo de funções tem sido corriqueiro na nossa categoria, o trabalhador está sendo sujeitado a entrar na empresa e fazer de tudo", denuncia.
No caso mais recente envolvendo o jovem de 22 anos, Amarildo afirma que ele foi levado para o hospital mesmo que já estivesse sem vida. "A empresa rapidamente tirou o corpo, falando que veio a óbito no hospital. Fazem isso para não ter perícia dentro da empresa, que continua atuando normalmente, como se nada tivesse acontecido", afirma.
Ainda de acordo com o presidente do Sindimármore, os casos foram passados para o Ministério Público do Trabalho (MPT), para que sejam investigados e haja também reforço na fiscalização das empresas.
O Sindimármore está acompanhando as famílias das vítimas. A CS3 Revestimentos também publicou uma nota de pesar nas redes sociais, e afirmou que está dando assistência à família de Carlos José Coutinho Júnior.
A extração e comércio de rochas ornamentais no sul do Espírito Santo remonta a 1957, quando a primeira pedra de mármore foi cortada em Vargem Alta, que ainda era um distrito de Cachoeiro na época. Desde então, tornou-se um setor bilionário, e que também tem deixado muitas mortes pelo caminho, além de diversos problemas de saúde para quem trabalha na área e moradores do entorno das pedreiras.
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