País lança plano e mira em liderança tecnológica, mas precisa superar barreiras
O PBIA, intitulado “IA para o bem de todos”, apresenta 54 ações estratégicas que se dividem entre impactos imediatos e estruturantes. Com um orçamento inicial de R$ 435 milhões, promete impactar áreas críticas como saúde, agricultura e educação. Espera-se que a IA melhore a capacidade de professores e gestores na avaliação educacional, impulsionando a alfabetização e o aprendizado. As expectativas também incluem avanços em diagnósticos médicos e melhorias na produtividade agrícola.
A eficácia dessas iniciativas está intrinsecamente ligada, porém, à capacidade do governo de executar ações de maneira rápida e transparente, garantindo que os investimentos não se percam em burocracias ou desvios.
Outro componente central do plano é a formação e capacitação de profissionais qualificados em IA. Com um investimento de R$ 1,15 bilhão, a proposta de novos cursos e laboratórios visa superar a atual escassez de talentos nesta área. Embora essa estratégia seja essencial para criar uma força de trabalho competitiva e inovadora, o sucesso dependerá de fatores como a qualidade do ensino, a retenção de talentos no Brasil e a capacidade de adaptação dos profissionais às demandas tecnológicas emergentes.
O PBIA também aborda a necessidade de um marco regulatório que alinhe a inovação com princípios éticos e de responsabilidade social. A crítica do presidente Lula às grandes empresas de tecnologia sublinha a importância de regulamentar um setor que frequentemente opera em zonas cinzentas de privacidade e segurança.
A implementação de regulamentos eficazes representa um desafio considerável, exigindo um equilíbrio entre proteção de dados e incentivo à inovação. O governo brasileiro terá que lidar com questões práticas, como a capacidade de adaptar regulamentações à medida que a tecnologia avança e a complexidade de garantir a segurança dos dados pessoais dos cidadãos.
No cenário mundial, o Brasil enfrenta uma competição acirrada em inovação tecnológica. Países como China, Estados Unidos e membros da União Europeia já estabeleceram posições de liderança em pesquisa e desenvolvimento de IA, beneficiando-se de um ecossistema robusto que integra governo, setor privado e academia.
O Brasil, embora dotado de potencial, ainda enfrenta desafios significativos em infraestrutura, financiamento e educação. Segundo o Índice Global de Inovação, ocupa uma posição intermediária no ranking, atrás de nações que são consideradas líderes em tecnologia. A falta de investimento em infraestrutura tecnológica de ponta, como supercomputadores e redes de alta velocidade, limita a capacidade do país de competir em igual nível com esses gigantes tecnológicos.
Os desafios econômicos e políticos são barreiras adicionais que o País deve superar para se posicionar como um líder global em tecnologia de IA. A volatilidade econômica, a burocracia e a instabilidade política podem dificultar o avanço rápido e eficaz das iniciativas do PBIA. Para que o plano alcance seu pleno potencial, será necessário um esforço conjunto que envolva governo, academia, setor privado e a sociedade civil. A colaboração entre esses setores será vital para impulsionar a inovação, garantir a aplicação prática das tecnologias desenvolvidas e, finalmente, posicionar o Brasil como um centro de excelência em inteligência artificial.
Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica “navegadora do conhecimento IA”
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