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IA na narrativa do jornalismo

Essa transformação não é liderada por multidões, mas sim, por algoritmos

A ascensão da Inteligência Artificial (IA) no jornalismo está trazendo uma revolução silenciosa para o coração da imprensa. Essa transformação não é liderada por multidões, mas sim, por algoritmos. Você já se deparou com aquela manchete irresistível que capturou sua atenção no feed de notícias? Bem, pode ser que tenha sido um golpe de mestre da IA.

De acordo com um estudo recente da McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana, 43% das principais organizações de mídia já adotaram algum tipo de automação em suas redações. E o resultado dessa automação? Notícias produzidas até 30% mais rápido. A automação pode aumentar a produtividade e eficiência das empresas de comunicação, além de possibilitar a criação de novos formatos e tipos de conteúdo. No entanto, também pode resultar na perda de empregos e na diminuição da qualidade no jornalismo.

Surge a pergunta: quem é o verdadeiro autor por trás dessa revolução? Será que a IA é a caneta ou o escritor? Esse é um questionamento que especialistas em propriedade intelectual, como Jennifer M. Urban, professora de direito na Universidade da Califórnia, têm explorado. Jennifer dedica-se a escrever sobre as implicações do uso da IA na criação de textos jornalísticos, levantando questões relacionadas a direitos autorais, privacidade e responsabilidade.

Urban acredita que o uso da IA na criação de textos jornalísticos pode trazer benefícios ao aumentar a velocidade e a eficiência na produção de notícias. Ela também ressalta, porém, que isso pode levantar questões legais importantes, como em relação aos direitos autorais. Em sua opinião, é fundamental esclarecer quem detém os direitos sobre textos gerados por IA. Essa questão ainda não foi resolvida pelos tribunais e, provavelmente, será um tema de debate nos próximos anos.

No que diz respeito à privacidade, Urban argumenta que os dados utilizados para treinar os modelos de IA devem ser protegidos. Os usuários devem ser informados sobre como seus dados serão utilizados e ter o direito de revogar seu consentimento para o uso desses dados.

Quanto à responsabilidade, defende que é preciso estabelecer quem é responsável por eventuais erros ou danos causados por textos gerados por IA. Os criadores do modelo de IA, os usuários que utilizam o modelo ou até mesmo o próprio modelo de IA podem ser considerados responsáveis. Essa questão também está em aberto e será objeto de intenso debate nos próximos anos.

Para Urban, o uso da IA na criação de textos jornalísticos é uma área complexa, repleta de desafios que ainda precisam ser enfrentados. Ela enfatiza a importância de legisladores, reguladores e empresas de tecnologia trabalharem juntos para desenvolver políticas que protejam os direitos de todos os envolvidos.

É importante destacar que a IA não substitui a criatividade humana, mas a complementa, fornecendo insights estratégicos valiosos. Estamos vivendo uma era de rápidas e intrigantes mudanças, onde a autoria expande-se para abraçar tanto os circuitos eletrônicos quanto os cérebros humanos. A tecnologia digital está deixando sua marca na narrativa do jornalismo e enquanto observamos essa revolução silenciosa, devemos lembrar que o futuro da escrita é uma fusão de humanidade e tecnologia.

O jornalismo e a IA estão dançando uma canção que está apenas começando, e tudo indica que seremos convidados a dançar conforme a música da tecnologia. Por isso, é importante que as diretrizes para o desenvolvimento e uso da IA sejam resolvidas o mais breve possível.

Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica “navegadora do conhecimento IA”
Instagram:
@flaviaconteudo

Emal: [email protected]

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