Sexta, 19 Abril 2024

O papel do orçamento nas finanças da família

Muitos brasileiros encaram a ideia de elaborar o orçamento familiar como coisa simples ou desnecessária, não entendendo o grande peso que este instrumento tem para o presente e também para o futuro das gerações.

 
Seja para a prevenção, como parte do processo de educação financeira ou para o tratamento das dívidas, o orçamento familiar serve para o diagnóstico financeiro, como instrumento para socializar a situação financeira familiar e direcionar o planejamento das necessidades e dos sonhos.
 
A primeira medida para a construção do orçamento é realizar uma reunião com todos os membros da família para expor a situação financeira a todos os envolvidos, de forma clara e objetiva, utilizando linguajar e instrumentos de fácil compreensão, considerando também a idade dos participantes. As metas ou sonhos individuais e familiares devem ser relacionadas, a exemplo do intercâmbio escolar para o filho, dos investimentos na carreira profissional dos pais, das viagens, das novas aquisições para a casa, do carro, tudo deve ser relacionado pela e para a família.
 
Para montar o orçamento familiar existe uma etapa anterior, o levantamento de despesas, em que todas as despesas do mês devem ser relacionadas, sendo tarefa de cada um dos membros da família. Pesquisa da FGV – Fundação Getúlio Vargas aponta que ao adotar o levantamento de despesas já reduz em até 30% as despesas do mês, pelo fato de começar ali a reflexão sobre a qualidade dos gastos.
 
O orçamento servirá de base real para a família projetar em qual mês poderão efetivar uma compra, qual será o melhor momento para uma viagem, ou mesmo identificar o que gerou maior gasto naquele mês.
 
As metas ou sonhos relacionados na reunião familiar remeterão à necessidade de elaboração do planejamento, traçando para cada um destes o detalhamento necessário: como alcançarão, quanto custará e em quanto tempo realizarão. A motivação para a família promover os cortes nos gastos supérfluos e nas despesas essenciais, passando a escolhas conscientes e a pouparem, vem desta etapa.
 
Para a etapa da construção efetiva do orçamento há várias opções de planilhas disponíveis na internet, ficando à escolha da família a que melhor lhe convier. O modelo que geralmente sugiro é o do professor Luiz Carlos Ewald, dividido em itens e contendo detalhamentos que contribuem para identificar onde promover reduções, cortes ou maior controle. As planilhas de levantamento de despesas serão utilizadas para compor o orçamento, assim como a renda individual será somada e transformada em receita.
 
O conceito de orçamento é a relação da receita versus despesas. O resultado do orçamento traduzirá a situação financeira da família se está positiva – sem dívidas e com reservas; moderada – sem dívidas, mas sem reserva ou descontrolada -, com dívidas e sem reserva.
 
Na prática percebemos que mesmo com todo o acesso à informação e a instrumentos, seja via formação acadêmica ou a internet, as famílias brasileiras permanecem com o comportamento financeiro semelhante a um “faz de conta”, em que nem sempre sabem quanto ganham, gastam sem consciência e sem planejamento, acima da margem sustentável de endividamento, fragilizando a sua saúde financeira e a de sua família.


Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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