Terça, 16 Abril 2024

Detento fica cego dentro do sistema e é transferido para segurança máxima

Arlete Batista dos Santos tenta desde janeiro de 2012 cuidar do filho, o detento Thiago dos Santos Rufino, em casa. Thiago, atualmente preso na Penitenciaria de Segurança Máxima I (PSMA I), em Viana, ficou cego dentro do sistema penitenciário, depois de ser atingido no rosto por soda cáustica, que teria sido jogada por outro detento na unidade do regime semiaberto do Complexo Penitenciário do Xuri, em Vila Velha. 

 
A mãe do detento recorreu à Associação de Mães e Familiares de Vítimas da Violência (Amafavv) na última semana. Ela quer que o filho cumpra prisão em regime domiciliar. 
 
O laudo médico aponta queimadura química grau III no olho direito e grau IV no esquerdo. No entanto, para Arlete, que não se apega aos termos técnicos do laudo, o filho, que gozava de saúde perfeita até janeiro de 2012, está cego e precisa de cuidados. 
 
Ela explicou como se deu o acidente e as sucessivas transferências de Thiago até a PSMA I, onde Arlete não consegue fácil acesso. Ela conta que o filho foi condenado em novembro de 2010 a pena de sete anos por roubo em regime semiabeto. Antes disso, ele chegou a ficar preso na Penitenciaria de São Mateus (norte do Estado) até ser transferido inicialmente para a Penitenciária Agrícola de Viana, para cumprimento do semiaberto. 
 
Em maio de 2011, Thiago fugiu depois do expediente de trabalho e voltou para São Mateus, sendo recapturado e retornando para a unidade semiaberta de Xuri, para o pagamento da fuga e para continuar o cumprimento da pena. 
 
No mês de janeiro de 2012, um interno jogou soda cáustica – que não se sabe como foi parar com o detento – no rosto de Thiago, deixando-o cego e com o rosto queimado. Nesse momento começou a via-crúcis de Arlete. 
 
Por conta da gravidade do caso, ela se mudou do município de São Mateus, onde morava e trabalhava, para se mudar para Vitória, com o objetivo de acompanhar de perto a recuperação do filho. Ela relata que enquanto ele esteve em Xuri conseguia visitar constantemente e era a única que o levava para tomar banho de sol no pátio da unidade. 
 
Os outros familiares de presos passaram a perguntar a ela o que havia acontecido ao filho para estar naquela situação – ela conta que, além do rosto queimado, as duas íris estão esbranquiçadas. 
 
Arlete tentou sozinha recorrer à Justiça para que o regime do filho fosse comutado em prisão domiciliar, alegando que ele, com essa deficiência física, seia melhor tratado em casa. Na prisão, ela conta, por diversas vezes, que ele chegou a ficar sem banho e sem qualquer cuidado. 
 
No entanto, em vez de a pena passar para o regime domiciliar, Thiago foi transferido para a PSMA I, em regime fechado. Desde então, ela tenta reverter a situação. Arlete também recebeu a informação que dá conta que o preso que jogou soda cáustica em Thiago em Xuri também teria sido transferido para a PSMA I. 
 
Somente na última semana ela conheceu o trabalho da Amafavv e recorreu à presidente da entidade, Maria das Graças Nascimento Nacort, para resolver a situação de Thiago. Maria das Graças conta que depois de tomar conhecimento do caso, a entidade deve entrar com ação judicial no sentido de reparar o dano causado ao interno. 
 
As duas foram ao Tribunal de Justiça do Estado (TJES) nesta terça-feira (8) tentar buscar uma solução para o caso – já que foi sob a custódia do Estado que o detento sofreu a lesão que provocou a perda permanente da visão – além de possibilitar a visita de Arlete ao filho na PSMA I. 
  

Veja mais notícias sobre Direitos.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Terça, 16 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/