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Terceiro protesto da Educação expõe sucateamento e risco de privatização

Pela terceira vez este ano, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal capixaba (Ifes) foram às ruas da Capital protestar contra os cortes do governo Jair Bolsonaro na educação pública. O protesto 13A, Greve Nacional da Educação que ocorreu em todo o País nesta terça-feira (13), teve um público estimado em 5 mil pessoas pelos organizadores. Duas passeatas se unificaram no final da Reta da Penha com destino à Assembleia Legislativa, onde foi realizado um ato que também rejeita o projeto Future-se do Ministério da Educação (MPES), considerado o primeiro passo para privatização do ensino superior público. 

Foto: Leonardo Sá

A concentração para as passeatas teve início a partir das 16 horas, no campus da Ufes de Goiabeiras e na sede do Ifes em Jucutuquara. A chegada na Assembleia, por sua vez, se deu por volta das 20h. Diversas entidades dos movimentos sociais, representantes de partidos políticos e grupos de juventudes participaram da passeata apoiando as comunidades acadêmicas das duas instituições.

Foto: Leonardo Sá

A maioria dos manifestantes, no entanto, era de alunos do ensino público federal, desde o ensino médio do Ifes à pós-graduação da Ufes, que estão sofrendo na pele os cortes que têm inviabilizado bolsas de estudos, além do próprio custeio das instituições federais, que estão em contenção de despesas. Outros dois protestos foram realizados respectivamente nos dias 15 e 30 de maio deste ano, conhecidos como 15M e 30M.  

Presente ao protesto, Raphael Reis, coordenador de organização estadual do Movimento Popular da Juventude em Disparada (MPJ em Disparada), articulado desde março do ano passado nacionalmente, afirma que a defesa da educação pública é um dos eixos centrais do movimento, que realizou sua primeira atividade no Estado em agosto do ano passado e vem se preparando para enfrentar a atual conjuntura fortalecendo o trabalho de base em três vertentes importantes para as juventudes capixabas. Uma linha de atuação é no movimento estudantil, importante espaço de articulação dos jovens e que promete ser primordial no enfrentamento ao governo Bolsonaro.

Jovens do grupo Levante Popular da Juventude e de outros coletivos, por sua vez, realizaram performances em frente ao Teatro Universitário da Ufes. Numa delas, apontavam réplicas de armas que tinham nas extremidades pontas de lápis, uma metáfora sobre a força da educação.  

Foto: Leonardo Sá

Quem acompanhava tudo atentamente era a aposentada Lucília Barros, que apesar de não ser nem estudante nem servidora dos instituições federais, fez questão de participar do protesto. “Temos que participar porque o Brasil está afundando, estão tirando todos os nossos direitos. Temos que estar juntos e apoiar os estudantes e apoiar a educação pública”, disse. 

Durante a programação para a Greve Nacional da Educação, nesta terça-feira (13), também foram realizadas duas aulas públicas, uma às 13h30, com o tema “Há Futuro para a Universidade Pública com o Future-se?”, realizada no Centro Acadêmico de Ciências Sociais, e outra ministrada por docentes do Coletivo Professores em Movimento, às 15h entre o IC2 e o IC3, com o tema “O Caráter Social da Universidade Pública”. 

Paralisação dos professores

Docentes da Ufes, em assembleia no último dia 7, decidiram por paralisar as atividades no dia da Greve Nacional da Educação. Aprovaram, ainda, um indicativo de paralisação por tempo indeterminado, que depende de aprovação em nível nacional para entrar em vigor. Esse movimento tem sido construído em conjunto pelas instituições federais de ensino superior e os movimentos sociais e sindicais contra os ataques constantes do governo federal à educação. A decisão será levada para discussão no Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).

Contenção de despesas 

Um comunicado assinado pela Administração Central da Ufes endereçado à comunidade acadêmica, divulgado nessa segunda (12), apresentou um novo plano de contenção de despesas. O documento apontou que “em reuniões realizadas com os gestores da Ufes, de modo a fazer frente ao corte orçamentário de 30% ao qual as Instituições de Ensino Superior estão submetidas, foram acordadas ações para ajustar despesas de custeio da Universidade ao orçamento disponível até o final de 2019”. 

Entre os cortes foram elencados: suspensão das ajudas de custo para eventos, exceto para aulas de campo previstas nos projetos pedagógicos dos cursos; corte de 50% nas despesas de manutenção de equipamentos, de material de consumo e de manutenção de área verde; alteração na frequência da limpeza de banheiros da área administrativa, de salas de aula, de salas administrativas e de professores, além dos corredores dos prédios; e suspensão do uso de aparelhos de ar-condicionado, exceto nos espaços que não possuem ventilação natural (janela), espaços cuja cobertura não seja de laje e nos laboratórios com equipamentos sensíveis a altas temperaturas.

Também serão realizados apenas reparos emergenciais que possam causar aumento de custos ou riscos para a comunidade universitária.

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