Quinta, 25 Abril 2024

Agora é oficial: Vale desiste da Companhia Siderúrgica de Ubu

O dia é de comemoração para a população de Anchieta, no sul do Estado. A Vale desistiu de construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), após ter tentado, sem sucesso, conseguir um sócio para o empreendimento. Segundo o jornal Valor Econômico, que divulgou a notícia, a decisão faz parte de um processo de ajuste internacional na empresa.

 
A Vale já indicava há algum tempo que estava deixando o empreendimento da CSU de lado. Em dezembro do ano passado, ao divulgar o seu orçamento para 2013 (reduzido de US$17,5 bilhões, em 2012, para US$ 16,3 bilhões, neste ano), a companhia nem citou a siderúrgica em Ubu, demonstrando a sua dificuldade em encontrar um parceiro para o problemático empreendimento.
 
Os impactos previstos para o finado projeto da CSU se aglomeram aos montes em uma extensa lista, entre problemas ambientais e sociais. Apesar disso, em nenhum momento a Vale se pronunciou sobre as reivindicações dos moradores do local.
 
Na área antes prevista para a sua instalação, vive a comunidade Chapada do A, atualmente estudada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), no intuito de, se constatada uma descendência indígena, reconhecer o território como tal. Por alguns anos, os moradores da comunidade lutaram contra a instalação da CSU, conquistando, inclusive, a garantia da permanência mesmo com a antes possível presença do empreendimento.
 
Durante o processo, foram muitos os casos de assédio aos moradores por parte da Vale. Mesmo após se comprometer a cessar o assédio, por meio de um serviço terceirizado, técnicos tentavam convencer os moradores a saírem do local.
 
A parte ambiental do empreendimento foi por muitas vezes contestada, incluindo ações judiciais movidas pelos mais diversos motivos, como o ritmo acelerado do processo de licenciamento.
 
O empreendimento ignorava a indisponibilidade hídrica da região, atestado inclusive pelo governo do Estado em outro empreendimento que seria instalado em local próximo. O Estudo de Impactos Ambientais (EIA) da CSU não contou sequer com o resultado de um estudo sobre a capacidade das bacias hidrográficas da região. A questão da água sempre foi uma das maiores preocupações dos moradores em relação à CSU, já que nunca houve informações claras sobre o tamanho do impacto que seria proporcionado pela usina.
 
O EIA – apresentado com diversas falhas – desconsiderava, também, o fato de que a região já chegou ao nível máximo de poluição permitido. Com a CSU, a siderúrgica iria acrescentar a este contexto a emissão de 7 milhões de toneladas de CO² por ano, quantidade equivalente a mais da metade das emissões de dióxido de carbono lançadas pela Vale em todo o mundo. 
 
A informação da Secretaria de Saúde do município é que em 10 anos 185 pessoas morreram de câncer relacionados à neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões. Segundo o levantamento das mortes ocasionadas por este tipo de câncer registradas de 2000 e 2010, 25 foram geradas por neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões. Por este mesmo motivo morreram 33 pessoas em 2005; 24 em 2007 e 18 em 2009, e a média de óbitos por câncer no município varia de uma a duas pessoas por mês.
 
A informação é que na região aumentou o número de crianças alérgicas, com rinite, sinusite e bronquite, nos últimos anos.
 
Ao todo, a CSU iria produzir 5 milhões de toneladas/ano de aço, com  potencial de emissões de 9,7 milhões de toneladas/ano de CO2, gás que provoca o aquecimento global. 
 
A região já comporta a operação da Samarco Mineração, empresa de que a Vale é acionista.

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/