Quinta, 25 Abril 2024

Capixabas se unem ao movimento contra genocídio dos Guarani-Kaiowá

Capixabas se unem ao movimento contra genocídio dos Guarani-Kaiowá

Na próxima terça-feira (30), cidadãos capixabas prometem se organizar em frente à Universidade Federal do Estado (Ufes) para marchar pela Capital em protesto ao genocídio do povo Guarani-Kaiowá, residente em Pyelito Kue, no município de Navirai, Mato Grosso do Sul. O protesto capixaba se une às manifestações em todo o País contra o descaso com que vem sendo tratado o povo Guarani-Kaiowá. 

 
Na página do evento, os organizadores deixam claro que “querem basicamente que deixem os índios em paz na terra deles”. Uma carta coletiva será assinada pelos cidadãos e entidades envolvidas. Além disso, os participantes prometem chamar atenção nas ruas da cidade. Irão percorrer as ruas com velas, tochas, faixas, cartazes e rostos pintados. Segundo a organização, a marcha contará com uma hora de concentração na Ufes, onde serão confeccionadas o material. 

 
Ao todo, quase 500 pessoas já confirmaram a presença na marcha e a expectativa é que até o final do dia sejam registradas novas adesões. 
 
A manifestação, que teve início nas mídias sociais, tomou força após a publicação da carta assinada pela comunidade Guarani-Kaiowá, em que os indígenas afirmam que não irão deixar suas terras. 
 
“Decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance de sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS".
 
A carta é uma resposta à decisão definitiva da Justiça Federal de expulsão/despejo determinado no processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29 de setembro deste ano. Os indígenas ressaltam que a decisão da Justiça decretou a morte coletiva Guarani e kaiowá de Pyelito kue/Mbarakay”. “Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay”.
 
Vivendo há um ano acampados a 50 metros de rio Hovy, onde já foram registradas quatro mortes - duas de suicídio e outras duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros - os índios estão vivendo acuados, sem assistência alguma e sob a mira de pistoleiros. 
 
Os índios afirmam saber que no centro do território cobrado pela Justiça estão enterrados seus avós, bisavós e todos seus antepassados, e afirmam quererem ser mortos e enterrados junto aos seus parentes.
 
Ao todo, vivem na beira do rio Hovy, no município de Naviraí, 100 adultos e 70 crianças. Eles cobram a demarcação de suas terras tradicionais, hoje ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros. 
 
A luta dos Guarani-Kaiowá contra as investidas de latifundiários do agronegócio já dura oito anos.
 
Cimi
 
A carta dos indígenas tomou grandes proporções e logo passou a ser interpretada como um anúncio de “suicídio coletivo” por parte da tribo. Entretanto, nessa quinta-feira (25), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), publicou uma nota em seu site retratando o uso do termo.
 
Para a entidade – uma das principais promotoras dos direitos indígenas no estado – os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva no contexto da luta pela terra. Quer dizer, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirar os índios de suas terras tradicionais, eles estão dispostos a morrer todos nela, sem jamais abandoná-las.
 
O Cimi também esclarece que o suicídio entre os Guarani-Kaiowá já ocorre há tempos e é mais comum entre os jovens. De acordo com o órgão, entre 2000 e 2011 foram 555 suicídios motivados principalmente por situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas – nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada. 

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/