Quarta, 24 Abril 2024

Corrida desenvolvimentista incentiva municípios capixabas a utilizar agrotóxicos

Na corrida para ver os municípios capixabas campões mundiais na produção de café o Governo do Espírito Santo está oferecendo até prêmios para quem produzir mais café por hectare. A denúncia foi feita pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) que alertou sobre os problemas que o incentivo vem causando no campo. Ansiosos por grandes colheitas, disse o movimento,  os municípios estão triplicando seu consumo de agrotóxico. Atualmente, o líder neste ranking é o município de Jaguaré.

Segundo o MPA, o município do norte do Estado produz 160 sacas de café de 60 kg por hectare e já ocupou o topo do ranking da produção mundial de café, hoje ocupado pelo município vizinho, Vila Valério.
 
“Na ânsia por retomar o seu lugar no ranking o que se vê é o incentivo do poder público local, fazendeiros e comerciantes de agrotóxicos. Vendem a imagem de que cultivar alimento é um atraso e que não faz o município crescer. É como se quem não entrasse na lógica desenvolvimentista fosse considerado ultrapassado”, denunciou o MPA.

 
Segundo o movimento, tal lógica é baseada praticamente em monocultivo e uso intensivo de venenos agrícolas, sobretudo, através da pulverização aérea, considerada de alto impacto pelos camponeses.

 
Localizado a 202 km de Vitória, Jaguaré, que tem como a principal atividade a econômica a cafeicultura é palco também de graves contaminações com agrotóxicos. Foi na região que em 2008 um avião pulverizou o pátio de uma escola, praças e pedestres.

 
Segundo o MPA, o município de Jaguaré é conhecido pelo maior índice de pulverização aérea no Estado. 

 
 “Só no centro da cidade, os agricultores podem encontrar cerca de oito lojas que comercializam agrotóxicos”, diz o MPA.

 
Adalto Togenere, que trabalha com café, mas que busca diversificar a produção com outros cultivos, foge da lógica da produção local e reclama da situação.

 
“Antigamente o município praticava uma agricultura com café, milho, feijão, arroz, isso aos poucos foi mudando e se tornado praticamente só café”, lamentou.
 
Segundo o MPA, a lógica do agronegócio, além de prejudicar a agricultura camponesa, atrai milhares de famílias camponesas do sul da Bahia, norte de Minas e de outras partes do Estado para trabalhar na colheita do café, porém, nem todos regressam ao seu lugar de origem, engrossando os bolsões de miséria e gerando o êxodo rural.
 
 

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