Quinta, 28 Março 2024

Entidades repreendem possibilidade de Estado ter 27 portos

Entidades repreendem possibilidade de Estado ter 27 portos

A possibilidade de o Espírito Santo ter nada menos do que 27 portos não está passando despercebida entre os ambientalistas. Com críticas extensas principalmente à forma sem diálogo como tem sido conduzida a questão, bem como aos seus impactos sociais e ambientais, diversas entidades criticam os empreendimentos, cujo carro-chefe é o pacote de nove plataformas portuárias anunciadas em dezembro pela presidente Dilma.

 
Uma reunião na noite de quinta-feira (31), no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Estado (Ufes), inaugurou as atividades de um grupo que irá debater a questão, puxado principalmente pela Frente Parlamentar Ambientalista do Estado, que é presidida pelo deputado estadual Cláudio Vereza (PT), juntamente com a associação ambientalista Voz da Natureza. 
 
A reunião, de que participaram cerca de 30 pessoas representantes de vários setores, deliberou por ações como a formulação de uma cartilha sobre os portos; uma petição pública online; “pedalaços” contra os empreendimentos; mobilização de organizações socioambientais do Estado; a realização de documentários mostrando os locais em que já existem portos instalados e os impactos ambientais decorrentes disso; ações jurídicas e políticas, e a realização de um seminário científico sobre a questão, provavelmente na Assembleia Legislativa.
 
Segundo Alessandro “Chakal”, assessor da Frente Parlamentar Ambientalista do Estado, a intenção do grupo é mobilizar a população para fazer frente aos empreendimentos. “Sabemos da necessidade que o Estado tem de se desenvolver, com os portos, mas não se isso for feito sem discussão democrática sobre os impactos ambientais e sociais”, afirma.
 
Na reunião, estiveram presentes representantes da Frente Parlamentar Ambientalista, da Voz da Natureza, da Federação das Associações de Pescadores do Estado (Aspebr), do Conselho Gestor da Reserva de Jacarenema, do Fórum Popular em Defesa de Vila Velha, da Associação de Moradores de Araçás e do Observatório de Conflitos no Campo da Ufes (OCCA), bem como estudantes da universidade.
 
Os movimentos caracterizam como “desenfreada” a corrida dos empresários no Estado, motivada pelos atrativos políticos e econômicos do Espírito Santo.
 
João Batista Teixeira, da Voz da Natureza, frisa a importância da união das pessoas que são contrárias a este modelo. “O Espírito Santo é o que está recebendo mais incentivos fiscais e econômicos para a implantação de portos. O que a gente não vê é o debate público sobre as limitações do Estado, tanto sociais quanto ambientais”, critica.
 
Teixeira levanta a voz contra o modelo desenvolvimentista implementado no Estado, tanto pelo governador Renato Casagrande quanto pela presidente Dilma. Para ele, além dos altos impactos ambientais (por exemplo, pela atividade de dragagem, constantemente realizada após a implantação do porto) e sociais (como em relação aos pescadores, que perderiam grande parte de sua área de trabalho após a “picotagem” da orla capixaba), a grande perda de potencial turístico que o Estado teria também preocupa muito.
 
O número de 27 portos é resultado de um levantamento feito pelo grupo Conexão Abrolhos Trindade (CAT). As plataformas estendem-se por toda a costa do Estado, entre empreendimentos já em operação, em licenciamento ou apenas previstos, como mostra o mapa abaixo, também produzido pelo CAT.
 
 
 
“Por todos os impactos sociais e ambientais, juntamente à perda do potencial turístico, colocamos os empreendimentos em cheque”, afirma Teixeira. 
 
Ele também revela que o grupo tem grandes críticas à forma como atua o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que, para o grupo, é mais um “viabilizador” dos empreendimentos do que um licenciador, que deveria ser a sua função real.
 
A atuação da direção do Iema no favorecimento a grandes empresas, com completa falta de transparência e assédio moral a servidores, foi comprovada no ano passado em pesquisa realizada pela Associação de Servidores do Iema (Assiema). O resultado foi noticiado por Século Diário no dia 26 de janeiro (clique aqui para ler).
 
Segundo o relatório, a atuação da direção do Iema resulta, “em última instância, em grandes prejuízos ao meio ambiente e à sociedade capixaba”.

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