Para evoluir na questão ambiental, novo prefeito de Vitória terá que inovar
Para atender às demandas ambientais da cidade de Vitória, o próximo gestor terá que enxergar além das repetidas propostas apresentadas nas campanhas deste ano. Preocupados em convencer a população cansada do convívio persistente com o pó preto, os candidatos passaram ao largo de um debate aprofundado sobre o tema: não apresentaram dados e nem soluções reais para o problema.
Tema anunciado como prioritário pelos três principais candidatos a prefeito na Capital, Iriny Lopes (PT), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (PPS) prometeram fiscalização, identificação das fontes poluidoras, novos parâmetros para as emissões atmosféricas e mais rigor no monitoramento das emissões. Mas tanto a fiscalização quanto a identificação das fontes poluidoras, nos moldes já aplicados, não funcionaram, e apesar das promessas, nenhum mecanismo novo foi proposto.
A resistência das grandes poluidoras em adotar medidas que minimizem a poluição, como é o caso da ArcelorMittal, que apesar de cobrada, se recusa adotar novas tecnologias em sua planta industrial, também não foi citada durante o processo eleitoral, frustrando ambientalistas que aguardavam um discurso mais arrojado dos candidatos após o corte do financiamento de campanhas pelas grandes poluidoras.
Em contrapartida, a proposta feita pela candidata Iriny Lopes, que propõe a reestruturação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), agradou os ambientalistas esperançosos por um conselho imparcial em suas decisões sobre multas e licenciamentos na cidade.
Já a abordagem sobre a gestão de resíduos sólidos, segundo tema mais citado entre os candidatos, também não foi longe. Sem um plano municipal, os candidatos apresentaram para Vitória apenas uma releitura do que já é previsto na Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos.
Os candidatos deixaram de lado temas importantes como a degradação dos mangues, ameaçados por retroáreas, poluição e invasão imobiliária, assim como o problema da escassez dos estoques de caranguejo-uça, que já não são mais encontrados com o tamanho adequado para a cata, impactando o ecossistema e a economia local.
Também não foram levantados pelos candidatos os problemas sobre a balneabilidade das praias (quatro impróprias para banho e seis pontos interditados atualmente), assim como a polêmica areia preta que vem tomando a Praia de Camburi, que segundo ambientalistas, serão demandas frequentes para o novo gestor.
Resumidamente, dizem os ambientalistas, faltou aos candidatos o reconhecimento da importância dos temas ambientais da cidade, assim como o diálogo com especialistas para identificar como o meio ambiente vem sendo tratado pela gestão pública.
Para os ambientalistas, o novo gestor terá pela frente a prática constante da cidadania e do respeito aos direitos ambientais, mas sobretudo, a oportunidade de inovar na política ambiental do município. Caso contrário, dizem eles, Vitória continuará submetendo o meio ambiente aos impactos gerados por um crescimento desordenado da cidade e em desacordo com os anseios da população.
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