Sexta, 19 Abril 2024

Presidente da Vale recebe, em mãos, prêmio de pior empresa do mundo

Presidente da Vale recebe, em mãos, prêmio de pior empresa do mundo

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, recebeu pessoalmente o prêmio concedido à empresa este ano de pior corporação do mundo.  A mineradora faturou o prêmio Public Eye Awards, entregue pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, devido às violações dos direitos socioambientais que promove nas regiões onde estão instalados seus projetos. 

 
Com 2.537 votos, a Vale foi indicada ao prêmio por violar direitos fundamentais no Brasil e em mais 39 países, provocando provocaram danos aos seres humanos e ao meio ambiente. Além disso, a empresa foi acusada de evasão fiscal e dívidas bilionárias. 
 
A empresa foi eleita a pior corporação do mundo com 25.043 votos, no site da Public Eye Awards, concorrendo com as empresas Tepco - responsável acidente nuclear de Fukushima - (24.245), Sansung (19.014), Barclays (11.107), Syngenta (6.052) e Freeport (3.308).
 
 
Ao receber o prêmio, o presidente da Vale afirmou não considerar a premiação, por envolver organizações estrangeiras, que, na opinião de Murilo Ferreira, “querem bloquear o desenvolvimento do Brasil”. 
 
Segundo a entidade Justiça Global, ao ser questionado sobre a participação da Vale nas violações cometidas por Belo Monte e ThyssenKrupp-CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), Murilo Ferreira se desresponsabilizou das acusações, alegando que embora as reconheça – as violações –, a Vale não teria controle sobre esses projetos. "TKCSA e Belo Monte estão fora do meu controle. Somos sócios minoritários. Dentro da TKCSA só podemos ir ao banheiro, quando podemos”.


A entidade afirmou que Murilo Ferreira se omitiu diante das questões levantadas sobre a duplicação da estrada de ferro Carajás, violação dos direitos trabalhistas e sobre a preservação dos recursos hídricos.
 
Entre as denúncias que pesaram para que a Vale fosse premiada estão a de Piquiá, no município de Açailândia, no Maranhão, onde a população sofre com “um vínculo ambíguo e predatório da Vale com as guseiras, envolvidas em trabalho escravo, desmatamento e poluição. Há indícios de um aumento significativo no número de mortes devido a câncer nos pulmões na região”, aponta a Justiça Global.

 
Foram apresentadas também denúncias de práticas antissindicais da Vale e o descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na unidade de Araucária, no Paraná.

 
No Espírito Santo, além da poluição que inclui a emissão de material particulado, inclusive de gases cancerígenos, a mineradora é acusada de despejar minério no mar, formando uma jazida de 150 mil metros cúbicos no mar de Camburi, em Vitória, contaminando a região. 
 
Já no município de Anchieta, a empresa se empenha para retirar da localidade de Chapada do A 73 famílias descendentes de indígenas para construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU).

 
Em âmbito internacional, a Vale é responsável pelo processo de expropriação e deslocamento compulsório de mais de 1300 famílias em Moçambique, segundo a Justiça Global. “ Recentemente, seis pessoas foram assassinadas em uma mobilização de operários que reclamavam a falta de cumprimento da Companhia de acordos trabalhistas. Lideranças locais acusam a Vale de ter fornecido veículos usados para reprimir os manifestantes”.


O prêmio internacional Public Eye Awards é conhecido como o Nobel da vergonha corporativa mundial, e concedido a empresas com graves passivos sociais e ambientais por voto popular. O prêmio foi anunciado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. 

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