Em um polêmico encontro no dia 15 de março passado, o PT Estadual deu ao presidente do partido, João Coser, carta branca para ser o nome do partido na disputa majoritária. Além da candidatura ao Senado, que se discutia no início, o ex-prefeito de Vitória foi o escolhido para ocupar qualquer uma das posições na majoritária, incluindo a disputa ao governo ou a composição na vice.
O que naquele momento foi uma grande jogada, já que o partido conversava tanto com o palanque do governador Renato Casagrande quanto do ex-governador Paulo Hartung, hoje se torna uma dor de cabeça para a cúpula petista. O PT ficou sem espaço no palanque de Casagrande após o governador ter assumido a candidatura do presidenciável socialista Eduardo Campos, o que inviabiliza o pacto da neutralidade no Estado, que daria espaço para a candidatura da presidente Dilma Rousseff, prioridade do partido.
No palanque de Paulo Hartung, para onde a cúpula petista seguia confiante na aliança, a freada brusca do ex-governador em assumir o palanque da presidente petista e as tentativas de aproximação com o candidato tucano Aécio Neves, colocam o partido em uma situação incômoda. Situação agravada com a possibilidade de o partido ter de caminhar ao lado do DEM no Estado, em uma contraditória coligação proporcional.
Internamente, algumas lideranças começam a pressionar para que o partido erga uma candidatura própria, o que entra em conflito com os interesses do presidente. Coser, que quer ser candidato ao Senado e para isso precisa do apoio de um candidato ao governo forte. No PMDB, os rumores são de que Hartung não abre mão da parceria com Rose de Freitas na disputa da única vaga na disputa, o que permite apenas um candidato em cada palanque ao Senado. No palanque de Casagrande, a parceria com o PSDB é tida como certa e a vaga para concorrer ao Senado reservada ao tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas.
Na vice de Hartung, o impedimento viria da própria nacional PT, que não vê interesse na promessa de um apoio em 2016 para que Coser volte à prefeitura de Vitória. Para se livrar da responsabilidade de ter de assumir alguma candidatura, Coser teria de convocar um novo encontro estadual.
O problema é que parte do partido defende que na situação fragilidade nos dois palanques colocados, o único caminho seria a candidatura própria e, mesmo sabendo que suas condições eleitorais não superam os candidatos colocados até aqui, Coser pode ser obrigado pelo partido a assumir a candidatura e ir para o sacrifício.

