Terça, 16 Abril 2024

Hartung sai derrotado da eleição e agora vira ???caroneiro??? em Vitória

Hartung sai derrotado da eleição e agora vira ???caroneiro??? em Vitória

Renata Oliveira e Nerter Samora 






Além de uma ocupação em massa na prefeitura de Vila Velha, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) tenta se aproximar do prefeito de Vitória, colando seu selo nos nomes que compõem a equipe de transição na Capital. Papo de Repórter analisa os movimentos pós-eleição do ex-governador. 





Renata – Um dos fatos mais curiosos da semana foi sem dúvida a penetração do sistema Paulo Hartung nas movimentações dos prefeitos eleitos de Vitória e Vila Velha. Tanto na equipe do prefeito da Capital, Luciano Rezende (PPS), quanto na de Rodney Miranda o DNA de Hartung está impresso, seja de forma modesta ou escancarada. Isso mostra que o jogo político não acabou para o ex-governador. Ele ainda busca espaço de sobrevivência enquanto estuda uma maneira de reestruturar seu sistema político. 



Nerter – Com o final do segundo turno das eleições municipais, a derrota de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) em Vitória, o mercado político avaliou que Paulo Hartung era carta fora do baralho e que o desgaste trazido pela derrota do aliado colocaria fim em suas pretensões futuras. Mero engano. Conhecendo os movimentos do ex-governador, ele deu uma demonstração de força ao colocar aliados nas equipes de governo das duas cidades mais importantes do Estado. Isso tudo serviu para mostrar que o jogo não acabou para Hartung em 28 de outubro, e que ele ainda busca uma recolocação no páreo. 



Renata – No caso de Vitória, a participação de Hartung é mais modesta na montagem da equipe de transição de Luciano Rezende. Na verdade ficou a impressão de que não foi ele quem articulou a entrada desses aliados e sim pegou carona, tentando colar seu selo nesses nomes. No dia seguinte ao anúncio da equipe de transição de Luciano, as notinhas da "Agência de Boatos PH"  é que se encarregaram de fazer a ligação entre o cara da CST e Robinho ao ex-governador. 



Nerter – Em Vila Velha, a coisa foi bem mais clara. Hartung é a quem conduzirá a montagem de governo de Rodney Miranda e a presença de Anselmo Tozi, ex-secretário de Saúde; e Haroldo Rocha, ex-secretário de Educação garantem a presença permanente do ex-governador na equipe, já que eles devem ocupar secretarias da prefeitura de Vila Velha, depois que Rodney Miranda assumir, no dia 1º de janeiro. Aliás, a participação ativa do ex-governador na campanha do demista não se encerrou com as eleições. Para quem acompanha as movimentações da política canela-verde fica claro que Hartung está trabalhando – e muito – na montagem do secretariado do prefeito eleito... 




Renata – Essa diferença da atuação do ex-governador nas movimentações iniciais nos dois municípios vem do comportamento de cada um dos novos prefeitos em relação ao ex-governador no período de campanha e pré-campanha. Em Vila Velha, Rodney fez questão de deixar a porta escancarada para que Hartung tome conta da prefeitura. Rodney não é político profissional, como ele mesmo diz. 



Nerter – É verdade, mas ele também não é total fracasso quando se fala em articulação política. Não dá para subestimar o demista, que emplacou, não apenas na Assembleia, mas também como presidente regional do DEM. É claro que Rodney não teria dentro de seu partido e do arco de alianças que montou para o pleito uma disposição de nomes para ocupar a prefeitura. Também fica evidente que ele não deixaria de fora pessoas que fizeram parte do único circulo político que ele frequentou no Estado, que é o do governo do qual fez parte. Ele é um fruto do sistema de Hartung e não teria como governar Vila Velha buscando outro tipo de parcerias. Além disso, depois das derrotas sofridas na eleição deste ano, não sobra muito espaço para os aliados de Hartung, senão uma ocupação em massa da prefeitura de Vila Velha.



Renata – Já em Vitória há problemas de relacionamento entre o prefeito eleito e o ex-governador desde o período eleitoral. Luciano foi o primeiro a se colocar à disposição de Paulo Hartung, caso o ex-governador quisesse ser o candidato de consenso, mas, queria ser o vice. Como surgiu, em um determinado período, a história de que o vice de Hartung seria do PT, Luciano não gostou do tratamento dispensado e Luiz Paulo não gostou. Os dois mantiveram suas candidaturas e Hartung ficou irritado. 



Nerter – Apesar da relação sempre muito respeitosa entre Luciano e Hartung, os dois não são mais os melhores amigos. Mas a necessidade do ex-governador em se manter no jogo político fez com que seus aliados tentassem criar um cenário artificial de que a vitória de Luciano, de certa forma, tem o dedo de Hartung, por conta de uma relação que ficou em um passado distante. Não colou, já que Hartung, também por necessidade, teve que declarar apoio a Luiz Paulo e fez campanha ostensiva para o tucano. Tentar colar sua imagem em Luciano agora não tem eficácia alguma. Aliás, alguns comentários aqui no jornal eram de que a única forma que Hartung ajudou Luciano foi fazendo campanha para Luiz Paulo, o que prejudicou o palanque do tucano. 



Renata – Como você disse no início desse papo, o jogo não acabou com a eleição deste ano. Hartung está em desvantagem, porque apesar de sua movimentação, colando os selos nas duas equipes, o fato concreto é que lhe restou apenas a prefeitura de Vila Velha como espaço político. Ele vai tomar conta da prefeitura e garantir que Rodney tenha um desempenho satisfatório neste início de mandato, porque isso lhe trará musculatura política. Dentro desse movimento, há um sentimento no mercado político, que o grupo dele resgate o discurso maniqueísta no município para criar um fato político que justifique sua reinserção no cenário político com o discurso de salvador da pátria, que garantiu seus dois mandatos no governo do Estado. 



Nerter – Já o governador Renato Casagrande deve buscar uma aproximação muito forte com o prefeito da Capital. Se Luciano Rezende tiver um desempenho bom nos dois próximos anos, isso aumenta a capilaridade política do governador também, já que Casagrande foi um importante agente na construção do palanque do novo prefeito no período pré-eleitoral. Casagrande está em vantagem porque saiu vitorioso em vários pleitos pelo Estado. Já Hartung sofreu derrotas significativas, como em Vitória, Linhares, Viana e outros. 



Renata – Casagrande tem agora em suas mãos condições de construir sua candidatura à reeleição, em 2014, com muito mais facilidade. Hartung, que seria o principal adversário saiu desgastado da eleição. O mesmo pode se dizer do senador Ricardo Ferraço (PMDB). Eu, sinceramente, não acredito na possibilidade de o senador Magno Malta (PR) se aventurar na disputa do governo do Estado, embora, com um mandato no Senado até 2018, não teria nada a perder. Mas, a expectativa é de que ele se alinhe também a Casagrande. 



Nerter – É preciso que os prefeitos das principais cidades iniciem seus mandatos para que possa ter sentido o termômetro do cenário eleitoral. Sempre é bom lembrar que as gestões já começam com um enorme desafio em função da expressiva perda de arrecadação no horizonte. Os eleitos terão que manter o equilíbrio nas gestões. Quem se der melhor, terá mais condições de realizar um bom início de gestão. Voltando ao campo político, as primeiras batalhas foram vencidas por Casagrande, mas isso não significa que a guerra acabou.

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