A discussão sobre o posicionamento político do PT na nova conjuntura do Estado passa pela discussão de aderir ou não ao grupo do governador eleito Paulo Hartung (PMDB). Nesse debate, o presidente regional da sigla, João Coser, tem vantagem numérica, ele tem influência sobre boa parte das correntes do partido e garantiu uma filiação no ano passado reforçando sua base.
Mas há uma movimentação para tentar equilibrar o jogo interno. Com o mandato de deputado estadual conquistado na eleição deste ano, José Carlos Nunes pode reunir lideranças para fazer o contraponto à tese de adesão ao governo Paulo Hartung.
A corrente a qual pertence Nunes, Construindo um Novo Brasil (CNB) no Estado, tem divisões internas, mas há uma tendência recorrente nas vertentes de que o partido deve se aproximar à política do governo federal e não buscar adesão a Hartung, que vem criticando o governo do PT e que deixou o partido isolado na disputa eleitoral.
Independentemente da posição de Nunes, os membros da CNB, aliados a outras correntes, como a Articulação de Esquerda, defendem a construção de uma aliança mais à esquerda. O partido, para algumas lideranças, deve discutir a construção de um projeto político para o Estado, que não leve em conta apenas a ocupação de espaços políticos.
A aliança com Hartung, depois do processo eleitoral seria prejudicial para o fortalecimento do PT e complicaria a política nacional do PT. Embalados pelo bom desempenho de Dilma no Espírito Santo, os petistas querem rediscutir essa movimentação diante da possibilidade de Coser estar negociando com Hartung a ida de algumas lideranças do partido para o governo.

