Rogério Medeiros e Renata Oliveira
Fotos: Leonardo Sá/Porã
A expressão sempre séria do deputado estadual Atayde Armani (DEM) esconde a faceta de um bem-humorado contador de histórias. Sua proximidade com o homem do campo e suas movimentações no interior do Estado lhe garantiram lugar no seleto grupo de deputados que aumentaram suas votações na disputa de 2010 em relação a 2006.
Nesta entrevista, Armani conta um pouco de sua história, fala sobre o acidente que o deixou paraplégico, e como a política o ajudou a encontrar um novo sentido na vida. Na defesa da agricultura, encontrou sua grande bandeira e com ela passou a militar na política.

Século Diário – O deputado tem uma incrível mobilidade atrás de votos. Como é isso?
Atayde Armani – Eu costumo dizer que quando se faz as coisas com amor, as fazemos mais perfeitas e com mais ênfase. A política para mim sempre foi benéfica, eu amo fazer política, a boa política. Por que isso? Eu vim parar em uma cadeira de rodas faltando 16 dias para completar 20 anos de idade. Estava na flor da idade, completamente ativo, cuidava de uma empresa com 60 funcionários e me vi em uma cadeira de rodas. Isso foi em 1975. Fazia política no interior, mas naquela época da ditadura era difícil. Lá não tanto quanto aqui, mas também éramos perseguidos.
– O deputado era do MDB? Isso com quase 20 anos…
– A primeira campanha que fiz foi a de Gerson Camata. Éramos do MDB e ele era candidato a deputado estadual pela Arena, mas como era da região, pedimos votos para ele. Camata era vereador de Vitória. Já em 1973, elegemos Samuel Batista da Costa, fazendo a política dentro do MDB. Em 75, quando me acidentei, comecei um movimento junto com Claudio Vereza, tivemos um movimento muito grande em 1980, nessa bandeira. Acabei me envolvendo na política por causa da ACPD, Associação Capixaba de Pessoas com Deficiência.
– Então foi por causa da deficiência que o deputado se envolveu na política…
– O que a política me deu? Quando você bate em uma cadeira de rodas, você se sente inútil. Há 38 anos, você bater em uma cadeira de rodas, significava ser inútil, você era guardado em um canto da casa. Em 1980, quando acontece a abertura, surgem os partidos e do MDB, que criam o PMDB, PDS e o PT. Como não era daquela área mais radical do MDB, permaneci no PMDB e o pessoal mais radical foi para o PT, inclusive o Claudio Vereza. Aí Dr. Nider Barbosa me chamou para ser candidato a vereador em Linhares. Aquilo foi um 'Deus nos acuda' para mim e para meu pai, porque meu pai é uma pessoa totalmente apolítica. Mas Dr. Nider, que é uma pessoa capacitada e inteligente, disse que eu seria candidato dele.
– Foi ele que te levou para a política institucional, então?
– Naquela época, em 1982, o partido podia indicar três candidatos em cada vaga. Como Linhares tinha 12 vagas, poderia indicar 36 candidatos. O Nider indicou 18 e o Samuel Batista da Cruz indicou 18. Eu e outros fomos candidatos de Nider Barbosa. Para a felicidade do meu avô, que era flamenguista e peemedebista doente, me elegi vereador em Linhares com 1.017 votos, sendo o quarto vereador mais votado. Aquilo para mim foi uma surpresa. Não pensava em me envolver em política institucional. Isso mostra que na vida as coisas são predestinadas a acontecer. A política me fez esquecer a minha inutilidade.
– Deu um outro sentido à sua vida?
– Sim, porque a política me abriu portas. Abriu portas para eu aposentar uma pessoa no Fundo Rural, para conseguir um trator de esteira para propriedade de outro no interior, me abriu porta para fazer o tão malfadado Provarde, que o governo federal incentivava na época, distribuição de mudas de café. Quando estava acamado, li o livro, Fatos, contos e lendas linharenses, de Lastênio Calmon. Foi aí que eu fiz o projeto que instituiu o ponto facultativo no dia de Caboclo Bernardo, 3 de junho. Também criei a comenda Caboclo Bernardo em nível municipal e depois em nível estadual. O povo linharense não conhecia a história fantástica de Caboclo Bernardo. Eu não conhecia, não gostava de ler, comecei a ler mesmo quando estava doente.
– E de vereador foi a deputado?
– Não, não. O meu pai sempre me segurando. Já se elegeu vereador, por que ser candidato? Tive quatro mandatos. Me elegi a primeira vez, fiquei seis anos, depois tive outro mandato de quatro anos, fiquei 10 anos direto. No terceiro mandato, fiquei na suplência, porque eu era o presidente do PMDB em Linhares e a gente tinha a responsabilidade de eleger o Zé Carlos Elias, que tinha fundado o PTB. Então, eu deixei de lado e fui ajudar na campanha do Elias. Quando ele ganhou, assumi um cargo de superintendente na prefeitura. Fiquei uns meses lá com ele e voltei para a iniciativa privada. No primeiro mandato de Guerino Zanon – eu filiei Guerino Zanon no PMDB, assinei a ficha dele – a mesma coisa, me preocupei com a candidatura do Zanon e fiquei com a suplência. Mas aí o Zanon tirou o Cardia [ex-vereador José Cardia, também PMDB] e eu voltei para a Câmara. Aí me elegi para o quarto mandato e em 2004 decidi que abandonaria a política. Depois de 16 anos como vereador, entendi que havia dado minha contribuição.
– Voltou para a iniciativa privada?
– Fui cuidar da vida, já estava até entrosado com os negócios da família. Aí o ex-governador Paulo Hartung me chamou. Não tinha intimidade com ele, mas me ligou e disse que queria conversar, que precisava que eu disputasse a eleição de deputado estadual. Eu disse que não queria. Mas Paulo Hartung não aceita um não. Insistiu, disse que precisava reformular a Assembleia, que havia começado um processo no Espírito Santo, que tinha feito um bom governo, mas que ainda tinha resistência na Assembleia, e eu não queria.
– Já estava envolvido na atividade empresarial…
– Sim, mas é uma cachaça. Não teve jeito, enquanto não disse um sim a ele, não desistiu. Disse sim a ele e fui para casa. Fui conversar com Dr. Nider, que sempre foi meu padrinho político, e ele disse que eu deveria disputar.
– Tem um irmão seu que foi vice-prefeito em Linhares…
– Sim, o Gentil. Pois é, em 2004 eu queria sair para passar a bola para o Gentil.
– Mas voltando à primeira pergunta. O deputado não para. Como é sua movimentação pelo Estado?
– Sou perfeccionista, chego a ser chato. Mas isso é devido à minha deficiência. Morei sozinho durante 10 anos de minha vida. Então, queria que a menina que trabalhava na minha casa colocasse as coisas no lugar certo. Já pensou, procurar uma meia e não está na gaveta, estar em outra, para uma pessoa na cadeira de rodas, dentro de uma casa? Tudo precisa estar no lugar certo. Então, acabei me tornando perfeccionista.
– E o deputado trouxe isso para a vida política.
– Trouxe, porque se tem uma reunião, tenho de estar lá.
– O deputado ampliou sua base de Linhares para outros municípios, o que aumenta a demanda para correr as bases. Como é isso?
– Tudo é o momento. Cada campanha é uma campanha. Na minha primeira candidatura de deputado, meu irmão era vice em Linhares, só que quando Paulo me botou na cabeça de ser deputado – e ele sabe do meu amor pelo Legislativo, não gosto do Executivo –, eu tinha uma base em Linhares. Precisava de 15 mil votos, porque Paulo me levou para o PFL. Quando cheguei para assinar a ficha, eu disse: “Poxa, Serginho [conselheiro Sérgio Aboudib, ex-presidente do DEM, no Estado] vocês estão me colocando em um partido que sempre foi meu adversário, a família Ceolin, sabe…”. Ele disse que o governador queria que eu ficasse lá porque queria reestruturar o partido. Depois acabou formando aquela coligação com PMDB, PSDB e PTB, aquele chapão. Quando eu vi que tinha 15 deputados e que eu precisava de 15 mil votos, comecei a sair de Linhares. Achava que não faria 15 mil votos em Linhares. E de fato não fiz, fiz pouco mais de oito mil votos.
– E conseguiu.
– É até uma história engraçada porque a última reunião minha foi em um lugar chamado Desengano, em uma sexta-feira à noite, já estava errado, porque eram 72 horas antes. Fui com Padre Maurício, que era candidato a deputado federal. Quando eu cheguei lá, o padre já havia rezado a missa e ido embora, me deu uma pernada. Aí cheguei para o seu Zezinho Meneli, que já é falecido hoje, e perguntei se dava para fazer a reunião e ele topou. Pedi para ele colocar umas 10, 20 pessoas e ele colocou mais de 100 pessoas dentro da quadra. Estávamos eu, minha esposa, o coronel Dal Col, que era secretário de Segurança, o rapaz que mexe com o som e meu irmão Dalgizo. Fui lá, falei sobre agricultura em uns 10 minutos. Domingo veio a eleição. Fomos para o Guararema Clube, começou a contagem dos votos, Guerino tinha 90 votos na urna, eu tinha 15. Guerino se elegeu dentro de Linhares.
– Ele foi o mais bem votado naquele ano.
– O mais votado. Quanto deu 19 horas, peguei minha esposa e fui para casa. Cheguei lá, eu fumava ainda, acendi um cigarro, peguei uma dose de uísque e fiquei com minha esposa ali. Achei que tinha perdido a eleição. Precisava de 15 mil votos, e se dentro de Linhares estou tomando essa porrada, imagina fora. Quando foi 23 horas, uma amiga de São Rafael, mas que mora em Linhares, me ligou, dizendo que havia sido eleito. Minha mulher puxou na internet e eu tinha sido o 11º deputado eleito não coligação que era para eleger de 12 a 15 deputados, com 14.424 votos. Foi uma festa, invadiram minha casa, porque tinha muito tempo que Linhares não tinha dois deputados. No dia seguinte fui procurar saber de onde vieram os votos. Eu ganhei a eleição em Desengano, com uma reunião já ilegal, por 82 votos de Marcelo Coelho. Fiz 89 votos naquela reunião.
– Tem alguma história engraçada de campanha?
– Teve um comício no interior, que eu estava em uma caminhonete F-4000, na carroceria, na cadeira de rodas, e comecei a falar. Houve um princípio de discussão entre duas pessoas que acompanhavam, e me disseram para continuar falando. Aí um dos sujeitos pegou uma ripa na cerca e bateu no outro. E me disseram para continuar falando para não dar mais confusão. O que levou a ripada foi em casa e depois voltou, armado. Deu dois pipocos para cima e todo mundo correu. Todo mundo menos eu, estava em cima da caminhonete e gritei: “gente, gente! Olha eu aqui”. Me deixaram pra trás, fiquei lá, travei a cadeira na caminhonete e fiquei esperando. Não sobrou ninguém.
– E sua aproximação com Santa Maria, como seu deu?
– Cada eleição é uma eleição. Aí eu e Guerino viemos para cá. Minha bandeira sempre foi a agricultura. Meu padrinho era Nider e a bandeira sempre foi a agricultura. Guerino se elegeu presidente e me pediu votos e até então éramos adversários. Eu disse que não havia problema algum porque Linhares merecia um presidente da Assembleia, mas condicionei meu voto à criação da Comissão de Agricultura na Assembleia, que estava condicionada à de Meio Ambiente. Ambiente e Agricultura têm que atuar juntas, mas devem ser independentes, porque uma coisa é produzir alimentos e outra coisa é proteger o meio ambiente. Têm que estar juntas porque a agricultura também depende do meio ambiente, vieram a fazer isso agora com esse Código [Florestal], que não é ideal, mas deram uma melhorada em comparação ao de 1965. E a comissão foi criada e eu a presido nesses seis, sete anos.
– E o deputado roda o Estado com a comissão, não é?
– Pois é. Com essa discussão do Código, o Cacau Lorenzoni (PP), que fazia parte da comissão comigo, me pediu para ir a Marechal Floriano, para falar sobre essa questão. Eu fui, falei tudo que tinha para falar. Naquela reunião havia três pessoas de Santa Maria, o Vanderley Sturr, o Manfredo e o vereador Sigmar.
– Aí você foi parar lá.
– Essas três pessoas me levaram para lá. Eu tive quatro votos em 2006 lá. Família Pimentel. Uma sobrinha minha fazia faculdade e tinha uma amiga de lá, dessa Família Pimentel. Minha sobrinha pediu voto a ela para mim e votou ela, o irmão o pai e a mãe. E daqueles quatro votos em 2006, eu transformei em 4.800. Como? Fazendo agricultura. É a minha praia, o que eu gosto de fazer. Tanto que o Paulo Hartung me convidou para ser secretário de Esportes e esse não eu disse a ele.
– Se fosse de agricultura…
– Sim. Mas de Esportes, não. Pedi um tempo a ele, falei para o Sérgio Aboudib: “fala para o governador que eu agradeço muito. Vou ser base do governo, mas Esportes não é minha praia”. Eu não faria política se não fosse pela agricultura. Não que eu seja contra as outras causas. A saúde é importante, a educação, a segurança, mas eu acho que esse pessoal precisa da nossa representação. O que nós pecamos na nossa democracia é a falta de bandeiras, bandeiras não partidárias, mas de causa. É isso que tínhamos na década de 1970 e não existe hoje. O Brasil se partidarizou demais e se esqueceu das causas, das ideias.
– O deputado foi bater no terreno sagrado da deputada federal Rose de Freitas (PMDB). Santa Maria era a Meca de Rose. O deputado foi lá e a derrotou na disputa de prefeito em 2012. Como foi isso?
– Tomando muito schnaps (cachaça em pomerano). Eu aprendi a fazer política com duas pessoas: Samuel Batista da Cruz e Nider Barbosa. E Samuel dizia que não adianta você ser um político extremamente técnico e deixar de ser político. Você tem de ser político e ser técnico. Eu tenho conhecimento técnico. Fiz direito, contabilidade, administrei empresas. Tenho esse lado técnico, mas o lado político é maior. A boa política para mim é aquela que eu vou no boteco do cara, na casa do cara.
– O deputado acha que os políticos de hoje perderam essa capacidade, de ir para a rua, de apertar mão?
– Claro, claro. Eu não gosto da política de gabinete.
– Isso lhe traz um determinado sacrifício, mas dá prazer?
– Claro. Guardei uma frase de Dr. Ulisses Guimarães, de que ele sentia orgasmo em fazer política. É isso. É o prazer de fazer a boa política.
– Agora, estando na rua, o deputado também está sujeito à cobrança. Como lida com isso tête-à-tête?
– Sempre com honestidade, nunca com demagogia. Um político não precisa fazer tudo ou prometer tudo. Político tem de ser honesto. O povo tem de olhar para o político e saber em quem está votando. A política não finda no voto, pelo contrário, ela inicia no voto. Ali é o início da política, do mandato. No voto, o cidadão está me confiando uma procuração. Essa política que eu faço. Não que eu seja o homem mais honesto do mundo. Eu costumo falar quando faço palestra. Eu corto carro na faixa dupla, então não sou 100% honesto. Eu ando a 110, 120 km com meu carro. Não estou sendo honesto, uso telefone quando dirijo. Mas tenho a consciência tranquila de que sou honesto com o dinheiro público, não levo uma caneta do meu gabinete, porque sei que não é minha. Recebo meu salário de deputado todo mês R$ 9.100,00. São R$ 20.044,00, com os descontos R$ 14 mil, como eu fiz uma consignação para fechar minhas contas, tenho um salário líquido de R$ 9.100,00. Não estou aqui por causa disso. O que fiz na minha vida pessoal, de família, patrimônio, eu tive. Me entristeço quando vejo um cidadão ir para a televisão e dizer coisas que no fundo pensa o contrário. Teve um eleitorado que confiou naquele cidadão.
– E o que o deixa feliz na política?
– Outro dia fui na escola agrícola de Santa Maria de Jetibá e lá tinha 13, 14 presidentes de associação, eu tinha R$ 460 mil, distribuí entre eles em verba. Eles precisam daquilo. Eu tive um problema com o presidente da Câmara de Linhares [Miltinho Colega, PSDB] porque ele foi para a tribuna para dizer que eu só coloquei R$ 60 mil para Linhares este ano. Eu coloquei R$ 30 mil para o Asilo de Velhos e R$ 30 mil para a Pestalozzi. Gente, Linhares precisa de dinheiro, de verba parlamentar? Linhares é um dos municípios mais ricos do interior, precisa que eu, deputado, com verba de R$ 1,5 milhão, coloque R$ 100 mil para Linhares? O que é R$ 100 mil para o Orçamento de Linhares?
– O deputado nunca pensou em ser prefeito de Linhares?
– Não, não quero. Eu seria um excelente prefeito e um mau amigo, então eu nunca quis. Não é minha praia.
– O deputado é um dos poucos que tem uma reeleição garantida…
– Não sei, vocês sempre me dão duas, três estrelas.
– Porque não achamos o deputado. Santa Maria era difícil, porque da primeira vez foi candidato com o beneplácito da Rose, mas depois bateu de frente, e com os pomeranos é difícil saber.
– Sim. Aí voltando, sobre como eu penetrei lá. Onde eu nasci, no distrito de São Rafael, era uma comunidade de italianos e do lado havia uma comunidade pomerana. Aprendi a conviver com eles desde criança e sei que é difícil se aproximar deles, mas quando você pega amizade, é igual uma praga, porque um espalha para o outro. E eles confiam um no outro. Esse trabalho foi feito em Santa Maria. Mas como eu fiz isso? Não foi indo a Santa Maria e ficando na cidade, não. É indo no interior, na roça, no boteco. Tem lugar lá que nunca foi um deputado estadual. Lá tem o Bar do Amarildo, que é meu point.
– O deputado dirige o próprio carro?
– Eu gosto de dirigir. É um hobby meu, sempre gostei. E por que eu gosto de dirigir hoje mais do que nunca? Eu não tenho liberdade aqui [na cadeira de rodas], se eu tiver que descer um degrau, não tenho essa liberdade. No carro você é uma pessoa como outra qualquer. Esse programa que fizeram aqui para que os deficientes possam nadar, você não faz ideia da felicidade de um deficiente em poder nadar, porque dentro da água o deficiente é como outro qualquer.
– Mas o deputado tem uma grande possibilidade de se reeleger com facilidade.
– A reeleição é muito difícil. Tem alguns deputados aqui, como eu, que nos reelegemos porque a gente roda muito mesmo. Antes de passar mal, no ano passado, eu saía de casa às 5 horas e voltava às 3 horas, com minha mulher brava comigo. Eu dizia: “Margô, você sabe que eu tenho uma amante na minha vida. A política é minha amante e eu vou atrás dela, não tem jeito”. Eu digo que sobrevivi, porque eu aumentei a votação. Se você for ver, a maioria dos deputados diminuiu a votação em 2010. Todos diminuíram, com exceção de mim, do [Eustáquio] de Freitas [PSB], do Vandinho Leite [PSB] e Da Vitória [PDT]. Porque são deputados que eu conheço que correm atrás. Eu participei da Comissão de Educação com o Vandinho e eu sei o trabalho que ele fez. As pessoas que trabalharam comigo na Comissão de Agricultura sabem do meu trabalho. Plenário te tira voto. O plenário é lugar de você morrer. A gente fica lá porque é a função poder legislativo, onde estão os colegiados, os projetos que são aprovados, mas o plenário te mata. No plenário você não faz política, muito pelo contrário.
– Para encerrar. O deputado está cotado para ser líder do governo. Topa?
– Ser líder do governo é uma honra muito grande, ainda mais ser líder do Renato [Casagrande], que é uma pessoa fantástica, humilde. Você tem um trânsito enorme com ele, não é de formalidades de deputado e governador. Eu vou aguardar. Se me convidar, vou pensar. Não é fácil ser líder, principalmente em ano eleitoral, que você tem de pedir votos, tem que ir no meio do cafezal pedir votos, cumprimentar o cara. Sempre entendi, e continuo entendendo, que o líder do governo tem de morar na Grande Vitória. Já falei com o governador. Porque aí o líder ficaria praticamente todos os dias da semana aqui, dentro do mitiê político, e se o governo precisar de você, está aqui. Nós do interior ficamos aqui segunda, terça e quarta, e na quinta, sexta, sábado e domingo voltamos para rever nossas bases. Todos os líderes do interior sempre perderam política.
– Mas o deputado já está com o embornal cheio…
– Não, não. Pra furarem o pneu da minha cadeira de rodas, é daqui pra li.