Quinta, 28 Março 2024

Papo de Repórter

Papo de Repórter

 

JOSÉ RABELO e RENATA OLIVEIRA
 
 
 
O ex-governador Paulo Hartung (PMDB) mexeu com o mercado político esta semana, com suas movimentações em direção a aliados e ex-adversários políticos. Em meio a isso, mais uma traição partidária. Papo de Repórter analisa o tabuleiro eleitoral na disputa de poder entre Hartung e Renato Casagrande.
 
 
Renata – O que chamou mais atenção no cenário político esta semana foi sem dúvida as movimentações do ex-governador Paulo Hartung com aliados e até com antigos desafetos. Essas movimentações deixam exposta a necessidade do ex-governador buscar espaço político no embate contra o governador Renato Casagrande, visando um equilíbrio de forças que será colocado em prova em 2014. Pelo jeito, Hartung está perdendo terreno, porque ele tem andado muito no Estado, não acha?



José Rabelo – É verdade. Pelo jeito, ele deve ter percebido que as bases que Casagrande construiu no período pré-eleitoral são bastante sólidas e ele precisa correr atrás do prejuízo. Prova disso foi a declaração de apoio ao prefeito de Guarapari, Edson Magalhães (PPS), que além de estar em um arco de alianças oposto ao do candidato natural do partido, o socialista Ricardo Conde, também tem problemas, e sérios, na Justiça. Neste sentido, Hartung vai de encontro a posições que ele defendeu em pleitos passados, quando chegou a pedir publicamente ao eleitor que não votasse em candidato com condenação. Magalhães tem várias, duas delas, inclusive, pedem a cassação de seus direitos políticos.
 
Renata – Nessa movimentação de Hartung, procurando palanques favoritos para se fortalecer, dividindo a vitória com os prefeitáveis que devem vencer os pleitos, ele passou por cima de muita coisa. Primeiro, por cima do PMDB e depois por cima de suas posições. Quanto ao PMDB, não é nenhuma surpresa. Basta ver o longo histórico de entra e sai de partido que marca a trajetória política do ex-governador. Tanto, que ele evita como pode disputar uma eleição nacional, porque sabe que é persona non grata na maioria das Executivas Nacionais.



José Rabelo – Esse descompromisso do ex-governador com o PMDB está ligado ao fato de que ele e seus aliados estão de malas prontas para o ninho tucano. Como ele não tem mandato, não teme o risco de se enquadrar na questão da infidelidade partidária. Até porque o presidente regional do PMDB, deputado federal Lelo Coimbra, também é apadrinhado dele, aliás, só chegou a essa posição por conta da ligação com o então governador Paulo Hartung. Por isso, ele vem a público dizer que está “livre, leve e solto”. Quem vai questioná-lo?



Renata – Isso só reforça uma ideia antiga de que Hartung é um político de grupo e não tem qualquer coloração partidária. Seus aliados já estão trabalhando na campanha do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) em Vitória. Uma espécie de preparação para a chegada de Hartung ao ninho tucano. E por falar em ninho tucano, Hartung também trabalha em um outro caminho no sentido de se fortalecer para 2014. Ainda no ano passado, comentávamos aqui no Papo de Repórter, o fato de que Hartung estaria tentando se aproximar de seus antigos desafetos. Isso agora se concretiza com essa aproximação que estaria acontecendo com o ex-prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB).
 
José Rabelo – Na sabatina da Rádio CBN Vitória, dessa sexta-feira (3), deu para perceber claramente qual é a orientação de Hartung para o seu principal candidato, o deputado estadual Rodney Miranda (DEM). Durante quase toda a entrevista, ele sempre que apareceu a oportunidade criticou o prefeito Neucimar Fraga (PR) e exaltou a gestão do ex-governador. Mas não falou um pio do Max Filho (PSDB).
 
Renata – A estratégia adotada por Hartung na Grande Vitória, onde os pleitos estão indefinidos demais para que ele possa cravar apoio a um ou outro nome, é a de trabalhar nos bastidores para tentar diminuir o capital político dos candidatos ligados ao governador Renato Casagrande. Quando o campo clarear, se é que vai, ele pulará no palanque que estiver assegurado. No Caso de Vila Velha, a impressão que se tem é que Hartung trabalhará com duas cabeças: apoiará a candidatura de Rodney e vai se aproximar de Max, colocando seu DNA no palanque tucano, mas sem se aproximar muito. Em Vitória Casagrande fez algo parecido, colocando o PSB na chapa de Iriny Lopes (PT) e o PR, do senador Magno Malta, no palanque de Luciano Rezende (PPS). Parece que Hartung quer dar o troco em Vila Velha.
 
José Rabelo – Agora, os votos do deputado estadual Hércules Silveira (PMDB), continuam “sem dono”. Rodney chegou a declarar na sabatina que ainda tem esperanças de caminhar com o peemedebista. Mas, eu acho pouco provável que Hércules suba no palanque de Rodney. Pesa também o fato dos votos de Hércules serem dele. Apesar de ter um grande filão do eleitorado, seu voto é do tipo emocional. O perfil popular do deputado faz com que o eleitor tenha um compromisso com ele, dificilmente transferirá votos seja para quem for.



Renata – Parece impreterível para o projeto do ex-governador Paulo Hartung que ele saia vitorioso no maior número de colégios eleitorais do Estado na disputa deste ano. Hartung vem sofrendo com os desgastes políticos, que podem se agravar na segunda metade deste ano. Daqui a 2014, será difícil sobreviver na planície. Até agora ele vem buscando sair na foto do lado de candidatos que estão com a prefeitura praticamente na mão, para poder dizer depois que o sujeito foi eleito graças ao seu apoio e aí, retoma aquela dinâmica de moeda de troca. Terá o apoio da classe política para retomar o comando do Estado.



José Rabelo – Mas parece que a estratégia montada por Renato Casagrande também é forte e dependendo do resultado das eleições deste ano, o governador sairá muito fortalecido para a disputa à reeleição em 2014. Embora Hartung também faça parte do projeto de Casagrande, ele sairá em uma posição muito diferente da que ele esperava.

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