O clima voltou a esquentar no Plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (24) durante a votação do corregedor da Casa. Apesar do acordo do ''blocão'' para eleger Sandro Locutor (PPS) para o cargo, a maioria do plenário escolheu a chapa 2, liderada pelo deputado Hudson Leal (PRP), eleito com 16 votos contra 12 de Locutor. Foram registradas duas ausências.
Após a votação, o deputado Sandro Locutor levantou uma Questão de Ordem, requerendo que todas as comissões permanentes e temporárias eleitas no início do mês na Assembleia sejam dissolvidas. Segundo o deputado, o principio da proporcionalidade não foi obedecido na composição das comissões, com o desrespeito ao acordo firmando no ''blocão''.
O deputado se baseou nos artigos 31 do Regimento Interno da Casa, combinado com o artigo 60, parágrafo 1º da Constituição Estadual e no artigo 58, parágrafo 1º da Constituição Federal. Sandro Locutor destacou que foi formado no início da legislatura um bloco único (“blocão”) com a assinatura dos 30 deputados e que sua assinatura foi a de número 21. Ou seja, foi o primeiro a aderir ao bloco dos 20 deputados do bloco governista.
Além de pedir que a composição das comissões da Casa fossem dissolvidas, o deputado solicitou o cancelamento de todos os pareceres emitidos, que deixam passíveis de nulidade todas as votações na Casa. E foi além. Locutor avisou que, caso seu requerimento não seja acatado, vai procurar a Justiça para garantir que a eleição das comissões sejam anuladas.
O presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM) se prevaleceu do prazo de 48 horas para responder à questão de ordem do deputado. A chapa 2, que foi vitoriosa na disputa tem Hudson Leal como presidente e Rafael Favatto (PEN) como vice. Euclério Sampaio (PDT), Janete de Sá (PMN) e Almir Vieira (PRP) são membros titulares. Hécules Silveira (PMDB), Sérgio Majeski (PSDB) e Marcus Bruno (PRTB) são suplentes.
Assim que Sandro Locutor terminou sua fala, o deputado Rodrigo Coelho (PT) reforçou o discurso de apoio ao acordo do “blocão” e anunciou que o grupo estava dissolvido, alegando que não havia mais condições nem objetivo de continuar a comandar o grupo. O deputado aparentava decepção com o desfecho da articulação que se estendia por quase um mês.
Quem também foi à tribuna para discutir o assunto foi o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), que não poupou críticas ao desrespeito ao acordo firmado no com o coordenador do bloco único.
O deputado lembrou dos acordos que foram feitos dentro do “blocão” e como foram respeitados pelo plenário, como a troca na presidência da Comissão de Educação, em que Guerino Zanon (PMDB) abriu mão para a colega de bancada Luzia Toledo e o acordo de Gilsinho Lopes (PR), que deu ao PRP a terceira vaga na Comissão de Finanças.
Envialdo não escondeu a irritação com a quebra do acordo e soltou o verbo na hora de conceder um aparte a Hudson Leal (PRP), o que é proibido na fase de justificativa de votos. “Por que não pode? Já rasgamos o Regimento aqui hoje. Esse é um crime menor. Se cometeram um estupro agora há pouco, o que é um furto de botijão de gás”, ironizou.
Alguns deputados que votaram em Hudson Leal foram a tribuna para se justificar. O deputado Euclério Sampaio (PDT) disse que a preferência na distribuição das vagas era dos 20 deputados que assinaram primeiro o documento e que não sabia do acordo para entregar a Corregedoria a Sandro Locutor. Já o deputado Dary Pagung (PRP) tentou defender os deputados do seu partido e afirmou que o acordo para o voto em Hudson Leal foi legítimo.

