Quinta, 25 Abril 2024

Suporte para o tratamento da dependência química parte da promoção da dignidade

Suporte para o tratamento da dependência química parte da promoção da dignidade

A abordagem de pessoas em situação de rua, muitas delas usuárias compulsivas de drogas, dentre elas o crack, é tema de estudos que, na maioria das vezes, desmistificam o senso comum que se tem sobre os dependentes químicos que moram nas ruas. Uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Cebrid/Unifesp) mostrou que 77,1% dos entrevistados consideraram que utilizar cocaína ou crack uma ou duas vezes na vida oferece risco grave, opinião partilhada pela maioria da população. 

 
No entanto, estudiosos que acompanham o crescimento no consumo dessas substâncias mostram que combater a situação de vida das pessoas que usam compulsivamente a droga é mais importante do que combater a adicção. Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o psiquiatra e doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública, Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), lembrou que o crack não é uma droga diferente da cocaína, mas ela própria transformada em um composto disponível para consumo através do fumo, sendo os baixos custos de produção e aquisição a chave para o sucesso. Por isso, o crack se tornou a droga de preferência daquela parcela da população economicamente mais carente. O médico lembrou que essa droga desnuda a miséria humana para muitos daqueles que preferiam que ela permanecesse invisível. 
 
O psiquiatra ressaltou que a maior dificuldade que o crack apresenta é de acabar com essa miséria que leva muitos dos usuários a consumirem a droga mais do que tratar esses usuários compulsivos. 
 
Em entrevista a Século Diário, em fevereiro passado, a coordenadora de Saúde Mental da prefeitura de São Bernardo do Campo, município na Região Metropolitana de São Paulo, Stellamaris Pinheiro lembrou que o impacto maior da droga é na população jovem principalmente quando não há rede hospitalar, escolas e outros espaços de convivência.
 
São Bernardo vem conseguindo resultados positivos na abordagem de usuários de drogas, mas estes resultados devem ser analisados caso a caso. Stellamaris ressaltou que depois de percorridos todos os passos do tratamento – que passa por abordagem nas ruas, internação caso o usuário aceite o tratamento e acolhida nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – os dependentes químicos também têm à disposição repúblicas terapêuticas, em que os dependentes em tratamento podem morar por até quatro meses, e que oferecem cursos profissionalizantes, oportunidades de trabalho e resgate familiar aos moradores. E eles também participam de assembleias para melhorar o funcionamento das repúblicas. 

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