Quinta, 25 Abril 2024

Crime do sindicalista: falta de informações oficiais sobre fuga provoca questionamentos

Após um mês – completado nesta terça-feira (30) – da fuga do detento Diego Ribeiro Nascimento de dentro do Hospital São Camilo, em Aracruz (norte do Estado), ainda não há informações oficiais sobre o paradeiro do foragido. O caso está sendo apurado no Departamento de Policia Judiciária (DPJ) de Aracruz, que não fornece informações sobre o andamento da operação de recaptura do preso.



O delegado que apura o caso, Leandro Barbosa Morais, alega que o inquérito é sigiloso, principalmente por conta do crime a que o foragido responde. Apesar disso, informações extraoficiais dão conta de que o detento estaria no distrito de Braço do Rio, em Conceição da Barra (norte do Estado), mas ainda não foi localizado. 

Diego estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Aracruz, acusado de ser um dos executores do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, morto em junho de 2010, em Conceição da Barra. O prefeito reeleito do município, Jorge Donati (PSDB), foi denunciado pelo Ministério Público do Estado (MPES) como mandante do crime. 
 
Embora já tenham transcorrido 30 dias da fuga do detento, as circunstâncias em que ela se deu ainda são uma incógnita para a sociedade. O questionamento que fica do caso é sobre a condição propiciada para que o detento evadisse do hospital, já que, segundo o agente de escolta que o acompanhava, Diego estaria algemado. Entretanto, para que a fuga fosse bem sucedida, seria necessário que o detento estivesse sem algemas. 
 
Outras informações, no entanto, apontam que o agente de escolta – que também não foi identificado – teria dado quatro versões diferentes para a fuga e que o tempo entre a fuga e a comunicação à Polícia Civil tenham prejudicado as buscas. 
 
O desencontro nas informações causa ainda mais questionamentos à medida que outros crimes ocorridos paralelamente ao crime do sindicalista não foram atrelados ao caso. O primeiro deles foi a morte de Diones dos Santos, o Porquinho, em Linhares (norte do Estado), oito dias após a execução de Edson. 
 
A morte de Porquinho não foi atribuída ao crime do sindicalista, sendo tipificado como homicídio proveniente de briga de gangues por território. O padrasto de Porquinho, Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, soube do envolvimento do enteado e prestou depoimentos atestando a participação dele no crime. 
 
Tempos depois, Mateusão soube que estaria ameaçado de morte pelo prefeito Jorge Donati e denunciou a ameaça ao Tribunal de Justiça do Estado (TJES). Treze dias depois, Mateusão foi executado em Linhares, mas a morte dele também não foi tipificada como queima de arquivo, já que o acusado do crime disse ter matado Mateusão por vingança à morte de um primo ocorrida 20 anos antes. As mortes de Mateusão e Porquinho foram apuradas pelo delegado Fabrício Lucindo Lima, do DPJ de Linhares.
 
Mais recentemente, um ex-policial motorista de táxi de Conceição da Barra, Walter Coutinho Cozer, foi assassinado e teve o corpo encontrado em 14 de fevereiro deste ano. O corpo carbonizado do taxista foi encontrado no porta-malas do carro que dirigia. À semelhança dos demais crimes que implicam Donati, o autor foi rapidamente encontrado. Huagno Rodrigues foi preso em 24 de fevereiro afirmando que havia matado e incendiado o corpo do taxista para roubar um talão de cheques. Este caso foi investigado pelo delegado Janderson Lube, que concluiu o inquérito na confissão do acusado. 
 
Participação 
 
O foragido Diego Ribeiro Nascimento, acusado de ser um dos executores, em depoimento à Polícia Civil, confessou que foi contratado por intermédio de Oséias Oliveira da Costa para matar o sindicalista, pela quantia de R$ 7 mil, “a mando de um peixe grande que chamava Jorge Donati”. O outro investigado pela autoria do crime é Rodolpho Nascimento do Amaral Ferreira.
 
Após matarem o sindicalista, os dois pistoleiros teriam seguido para o município de Aracruz para se livrar do carro da vítima. O corpo foi “desovado” em local ermo e eles atearam fogo no Santana do sindicalista, para dificultar as investigações da polícia.
 
As duas armas utilizadas no crime, segundo a denúncia do MPES, foram fornecidas por Janes Antônio de Almeida e Rondinelli Ribeiro do Nascimento Amaral.
 
Donati fora preso preventivamente no final do ano passado e em janeiro deste ano, acusado de envolvimento no crime. A segunda prisão de Donati foi motivada pela morte de uma das testemunhas do crime, o Mateusão. 

Veja mais notícias sobre Segurança.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/