Segunda, 29 Abril 2024

Ano Novo - faxinando as contas e a alma

 

Neste, que é o nosso primeiro encontro do ano, citamos uma poesia de Carlos Drummond de Andrade como pano de fundo para tratarmos sobre o processo para a reversão do endividamento. O final do ano e início de um novo ano tem certa magia que reforça o otimismo e a esperança em todos. Como escreveu Drummond em Faxina da Alma, é um tempo de “recomeçar, de dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e, o mais importante, acreditar em você de novo.”
 
Fechou o ano com as contas no vermelho? Está sem condições para saldar suas dívidas?
 
Perdeu o emprego? Não desanime.
 
Entenda que o endividamento é um fenômeno social inevitável para uma sociedade de consumo, considerando a oferta de crédito facilitada. As tentações chegam a todo instante, por isso, quanto mais consciente estiver sobre a sua receita e as suas despesas fixas, mais forte estará para não ceder.
 
A motivação que leva ao endividamento parte exatamente da extrapolação no consumo ao suprir as necessidades ou ao realizar desejos individuais ou familiares incompatíveis com o orçamento.
 
Quanto mais for cedendo ao consumo desenfreado, mais a situação vai ficando descontrolada, gerando adoecimento, conflitos familiares, queda na concentração e na produtividade no trabalho, tendendo ao desemprego. O endividado sente vergonha, insegurança e acaba distanciando-se de si.
 
O tratamento ao endividamento tem que ser global, enfocando não somente o bolso, mas os reflexos do estresse financeiro na saúde física, mental, social e espiritual dos indivíduos e de suas famílias. O tratamento tem como base a educação financeira, com foco no diagnóstico da situação financeira, conhecendo ou reconhecendo suas receitas e despesas, assim como suas dívidas. A partir daí passam a ser exaustivamente estimulados a modificarem o comportamento de consumo e a exercitarem a atitude e postura positiva em relação ao uso dos recursos financeiros.
 
O olhar profissional sob o endividado deve ser holístico, atento aos sinais e sintomas que possam denotar adoecimento físico e ou psíquico. O status de endividado por si só já é desestabilizador, influenciado pelo tempo em que está nesta condição e as expectativas para superá-la.
 
Nesse estágio pode se instalar um quadro depressivo, transtorno do pânico, insônia, isolamento social. O corpo vai adoecendo junto com o psicológico. À medida que são identificados possíveis sinais de adoecimento, o encaminhamento a outros profissionais faz-se necessário. A interface com a área da saúde, com o encaminhamento para avaliação e acompanhamento médico e psicológico é recomendado.
 
Para tratar o endividamento existem opções como renegociar com os bancos, operadoras de cartões e financeiras, trocar dívidas com juros altos por outras com juros menores, antecipar o 13º salário ou a restituição do imposto de renda, aproveitarem os momentos de mutirão onde são negociados pagamentos até sem juros e multa e com prazos maiores. Não, não há generosidade, mas sim um interesse de que o consumidor endividado retome a capacidade de compra e volte a ter o nome “limpo” para voltar a comprar.
 
Utilizando a portabilidade, ou seja, trocando as dívidas por outras mais “baratas” vai reduzindo o gasto mensal com despesas financeiras e destinando-o a outras. Esse ranking é feito a partir do exercício de detalhamento das dívidas. Esse retrato favorecerá a tomada de decisão sobre quais dívidas serão “atacadas” primeiramente.
 
Além da troca de dívidas, outro ponto importante é reduzir as despesas mensais para fazer sobrar mais dinheiro para saldá-las. Durante o tratamento propomos sempre que não sejam contratadas novas dívidas e que evitem utilizar o cartão na opção crédito, priorizando o uso de dinheiro ou do cartão de débito. Compras parceladas nem pensar, pois geram despesas futuras e afinal... o futuro a Deus pertence! É melhor juntar primeiro o dinheiro para comprar à vista aquele carro, a TV, o computador, o celular ou roupas.
 
Desafie-se a sair do vermelho, e depois disso, não recaia. Descubra novas oportunidades de trabalho e novas fontes de renda. Tudo é possível, precisa dar o primeiro passo...
 
”Hoje é um bom dia para começar novos desafios”
 


Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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