Sexta, 03 Mai 2024

Endividados por tabela

Vamos tratar sobre as pessoas que aceitam “emprestar” o nome, cheques ou o cartão de crédito a amigos, parentes ou vizinhos, para comprarem roupas, eletroeletrônicos, material de construção, à prazo, ou para a abertura de negócio, como fiador em imóveis alugados e outras tantas situações. Chamamos a atenção para esse comportamento, por ser arriscado tanto para quem empresta quanto para quem pede emprestado, considerando que mesmo não havendo inicialmente a má fé, não podemos desconsiderar o risco de acontecerem imprevistos como o desemprego ou caso de doença na família e, com isso, inviabilizar o pagamento do empréstimo, levando o nome do “bem intencionado” para a “lama”.

 
Situações que vão desde o nome sujo no cadastro de devedores, impossibilitando a contratação de empréstimos ou financiamentos, até a penhora de um bem, impossibilitando a venda ou a troca deste, fora a possibilidade, não tão remota, da perda desse bem para saldar a dívida do outro.
 
A partir do momento da surpresa de que passou ao status de devedor, aparecem os sentimentos de raiva, revolta, culpa, medo, desespero, que se misturam e que acabam afetando a vida e a saúde de quem emprestou, mas que nem sempre afeta a vida de quem pegou emprestado. Por que isso acontece? Em função da diferença nos valores, nas atitudes e no comportamento de consumo de cada pessoa. Ninguém é igual a ninguém, muito menos em relação ao uso do crédito de terceiros.
 
Situações como essa, geram dívidas inusitadas e indesejáveis e promovem estremecimento na relação de amizade ou familiar. Há que se considerar isso antes da tomada de decisão, pois há sempre a prerrogativa de se dizer NÃO. Se essa não tiver sido a sua decisão e, caso ocorra o não pagamento do empréstimo em seu nome, orientamos que ambos (quem pediu e quem emprestou) se empenhem na análise, no levantamento de estratégias para a solução do problema e na negociação desta, considerando que talvez seja a única oportunidade de promoverem a mudança necessária em relação aos seus próprios padrões de comportamento.
 
Diz o ditado que “de boas intenções o inferno está cheio”, reforçando que a razão deve estar acima da emoção e do desejo de querer ajudar o outro, entendendo que mesmo não havendo a intenção de dever, há o risco.
 
Às vezes, a reversão do comportamento de consumo descontrolado surge numa situação inusitada onde o que empresta não esperava levar o calote e o que tomou emprestado não avaliou a possibilidade de dar o calote.
 
Quando só dizemos SIM aos que nos pedem acabamos dizendo NÃO para nós. O contrário só ocorre quando aprendemos a dizer NÃO ao outro, e assim, enfim, o SIM se torna algo possível para nossas vidas.
 
É importante pensar nos seus valores, atitudes e planos, tanto quanto saber separar as relações familiares, afetivas ou de amizade para preservar a sua saúde financeira e a própria relação estabelecida.
 
Pense na seguinte situação – uma pessoa que cuida bem do seu dinheiro, sem esbanjar, economizando para realizar algum sonho ou prevenindo para garantir o seu futuro e, se vê obrigada a abrir mão de tudo isso para arcar com uma dívida que, por tabela, ajudou a gerar. É difícil ver famílias se despedindo de seus sonhos e de sua segurança para saldar dívidas amargas, herdadas pela boa intenção. Acham que isso não acontece? A realidade diz que sim. Da condição de poupador, passa-se a condição de endividado por tabela.
 
Vemos dívidas de terceiros “vingarem” mais do que o próprio relacionamento. Sogras que fizeram empréstimos para genros abrirem seus negócios, que faliram junto com o relacionamento, mas as dívidas... Ah, essas continuaram nas costas das sogras. Quantos casos de irmão que usou o nome do outro irmão para abrir o seu negócio que faliu e levou com ele o nome do irmão generoso. Até vizinho assalariado pagando dívida de financeira que não era sua. Tudo isso para não deixarem o seu nome ir para a lama.
 
Estima-se que 14% dos inadimplentes são fiadores, “emprestaram” o nome a terceiros.
 
Pense muito bem, pois o seu nome é o seu maior patrimônio.

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