Domingo, 28 Abril 2024

Para militante do Fórum de Mulheres, governo ignora contexto de homicídios

A representante do Fórum Estadual de Mulheres, Edna Martins, ressalta que a escala crescente da violência letal contra mulheres no Espírito Santo, revelada pelo Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, já vem se mostrando no decorrer dos anos e ocorre em um novo contexto relacionado com a violência doméstica e até mesmo às mortes relacionadas ao tráfico, que na maioria das vezes envolve relações afetivas das vítimas com os envolvidos. No entanto, o próprio governo não se aprofunda na causa dos homicídios e restringe o problema apenas ao tráfico de drogas. “Este novo contexto deve ser estudado”, ressaltou.
 
Ela diz que a entidade vem acompanhando o crescimento dos homicídios por jornais e até por alguns dados de segurança pública. Em reunião do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedimes), do qual também faz parte, a questão foi levantada para o degelado-chefe de Polícia Civil, Joel Lyrio, mas segundo Edna, o Estado não admite discutir a situação, nem enfrentar com políticas públicas. 
 
Além disso, ela acrescenta, o Estado ainda tenta desqualificar a pesquisa ao dizer que os índices locais são altos porque a notificação é bem feita, sendo que o Mapa é feito com dados do DataSUS, de informações de óbitos e com, pelo menos, dois anos de diferença, para que os dados sejam catalogados com a máxima precisão. O estudo também é levado em consideração pelo Ministério da Justiça e outros estados brasileiros. 
 
O Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil apontou dados aterradores de violência letal contra mulheres, principalmente jovens. O Espírito Santo, mais uma vez, se mantém no topo do ranking do homicídio geral de mulheres e de mulheres jovens, mesmo reduzindo em poucos pontos a taxa de mortes violentas entre 2009 – ano de pico de mortes – e 2011. 
 
No ano de 2011, usado como base para o estudo, a taxa de mortes violentas de mulheres ficou em 9,2 mortes por grupo de 100 mil mulheres. No entanto, é entre as mulheres jovens – com idade entre 15 e 24 – que a taxa é maior, de 21,4 por 100 mil, quase o dobro de Alagoas, o segundo do ranking, com 13,3 homicídios de mulheres jovens por 100 mil. 
 
O próprio Mapa da Violência aponta que a violência contra a mulher em todo o País não se dá primordialmente pelo envolvimento em atividades ilícitas, como o tráfico de drogas.
 
O Mapa utiliza registros dos atendimentos por violência do Sistema Único de Saúde (SUS), para mostrar que do total de atendimentos em 2011, 71,8% das agressões ocorreram no domicílio da vítima; em 43,3% dos casos o agressor foi parceiro ou ex da vítima; em 19,8% dos casos os agressores são os pais; e em 7,5% são os irmãos ou filhos. 
 
A taxa de homicídios de mulheres jovens no Estado não caiu entre 2001 e 2011, pelo contrário, vem oscilando a cada ano, sem apresentar queda consolidada. Em 2001 a taxa era de 10,2 homicídios de mulheres jovens por grupo de 100 mil, já em 2011 esteve em 21,4. A taxa média da década é de 17,4 mortes por 100 mil. 
 
O Mapa aponta que Vitória é a capital mais violenta para mulheres jovens do País, com taxa de 40,9 mortes por 100 mil, quase o dobro de Maceió, que registrou 23,2 em 2011, ficando em segundo lugar. Entre o total de mulheres, a Capital está no quarto lugar, com taxa de 10,2 mortes violentas de mulheres por grupo de 100 mil. 

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