Segunda, 29 Abril 2024

CPI do Cachoeira encerra trabalhos sem apurar empresas laranjas da Delta

CPI do Cachoeira encerra trabalhos sem apurar empresas laranjas da Delta

Depois de quase oito meses de trabalho e de avançar sobre um esquema de lavagem de dinheiro da Delta Construções a autoridades, a CPI do Cachoeira terminou de forma melancólica nesta terça-feira (18). O relatório final dos trabalhos, aprovado pelos membros da comissão, tem apenas uma página e meia, sem avançar sobre as investigações sobre as empresas fantasmas da Delta e a participação de autoridades no esquema de lavagem de dinheiro da empresa carioca. 



Durante a sessão realizada na manhã desta terça, o texto do relatório oficial do deputado Odair Cunha (PT-MG), que incluía a relação de empresas fantasmas, foi rejeitado pelos membros da CPI por 18 votos a 16. Apesar de outros cinco relatórios paralelos com destaques das investigações, os parlamentares aprovaram o relatório paralelo do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), por 21 votos a sete, que remete as investigações para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). 



O relatório aprovado, que tem apenas uma página e meia, não cita nenhum nome de investigado e critica ainda o trabalho da comissão. Para o peemedebista, o parecer o deixava com a consciência tranquila por não ter condenado inocentes nem absolvido culpados. Mesmo argumento citado por alguns deputados favoráveis ao relatório, que foi classificado como “pizza geral” pelo relator original dos trabalhos. 



Durante a sessão, o deputado Odair Cunha afirmou que foi pressionado por colegas para retirar o pedido de indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e da empresa carioca Delta. “Isso não posso fazer, pois se trata das ramificações empresarial e política da organização criminosa [supostamente chefiado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira]”, declarou o petista à reportagem da Agência Câmara. 



O texto da CPI sepulta a possibilidade de revelação das ligações entre a Delta e autoridades políticas no Espírito Santo. Durante os trabalhos da CPI, as investigações indicaram a existência de uma empresa fantasma da Delta no Estado, a Garra Transportadora. A empresa de fachada, com sede registrada no município de Viana, foi a terceira que mais recebeu dinheiro oriundo da empreiteira carioca, que mantém contratos com o governo do Estado desde a gestão Paulo Hartung (PMDB). 



Nos últimos dois anos, a empresa laranja capixaba “lavou” R$ 23,5 milhões dos R$ 173 milhões registrados em transações feitas pela empresa carioca. A Garra Transportadora foi registrada no dia 25 de outubro de 2010 na Junta Comercial do Espírito Santo (Jucees). Consta no registro o endereço na rua Coronel Laurentino Pimentel, número 170, no centro de Viana (região Metropolitana da Grande Vitória), local onde a empresa nunca fora sediada. 



O capital social de apenas R$ 10 mil está dividido no nome de dois laranjas: Eliandro Paula da Conceição, com R$ 9,9 mil das cotas sociais, enquanto Gláucio Barcelos fica com apenas R$ 100 do capital da Garra Transportadora. Os vizinhos do local da suposta sede da empresa não conhecem ou ouviram falar de nenhum dos "sócios", que residiram de fato no subúrbio do Rio de Janeiro, conforme reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo

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