Sábado, 04 Mai 2024

Fórum Popular reclama da ausência de dados técnicos sobre superporto

Fórum Popular reclama da ausência de dados técnicos sobre superporto
O seminário-debate da última sexta-feira (28) sobre o projeto do superporto superou positivamente as expectativas do Fórum Popular em Defesa de Vila Velha (FPDVV). Entretanto, apesar das explanações proveitosas dos especialistas presentes, a entidade apontou a falta de dados técnicos como um empecilho a avaliações mais precisas sobre o empreendimento. Após solicitação do Fórum, há cerca de um mês, o governo do Estado e a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) ainda não disponibilizaram à sociedade civil uma cópia dos estudos realizados para a implantação do superporto na Ponta da Fruta. O projeto ainda precisa passar por diversas análises e não foi submetido à população para que seja implantado no município.
 
Nesse seminário, diversos outros aspectos complementares foram abordados em complemento às apresentações do primeiro deles, realizado no começo do mês de novembro. Os especialistas foram unânimes em considerar que a região passará por grandes transtornos caso o empreendimento realmente se instale na Ponta da Fruta. Para o Fórum, a região deixa de ter um perfil local e pacato, passando à condição de portuária, amplamente impactada. 
 
Os palestrantes desta vez foram o professor Arlindo Villaschi, que questionou a qualidade técnica dos empreendimentos; o professor Julio Chalcatana, que afirmou que precisa dos estudos para uma análise mais precisa sobre o que acontecerá com correntes marítimas e marés a partir da implantação do empreendimento; os oceanógrafos João Batista Teixeira e Eric Mazzei, que já estiveram presentes na audiência anterior e apresentaram novamente os impactos ambientais do empreendimento, além de apontarem que a região de profundezas do mar da Ponta da Fruta é uma das mais ricas e preservadas do país; e Luiz Fernando Barbosa Santos, membro do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), que apresentou as justificativas técnicas pela preferência da área de Praia Mole, na Serra. para a instalação do superporto e ainda um plano para a expansão deste terminal portuário. 
 
O Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport-ES) reivindica há anos a construção de um superporto no Estado. Entretanto, a proposta dos trabalhadores é bem diferente da que foi apresentada para implantação na Ponta da Fruta. A começar porque a preferência da instalação era para uma área já impactada por portos, como Praia Mole,  e não em uma área ambientalmente sensível; além do aumento gradual de sua capacidade, conforme a demanda, e não que o porto já fosse construído com uma pretensão de cargas futuras, já que não há garantia de tal movimentação. A capacidade excessiva para o padrão atual que será atribuída ao superporto foi questionada pelo cientista político Roberto Garcia Simões no seminário anterior.
 
Na ocasião, Eric Mazzei e João Batista Teixeira apresentaram uma previsão de que até os peixes e outros animais marinhos apreciados na culinária capixaba poderão desaparecer devido à instalação do terminal portuário. A falta de peixes na região também pode prejudicar a subsistência da comunidade de pescadores da região.
 
Os oceanógrafos apresentaram o porto de Roterdã, o maior da Europa, localizado na Holanda, como um exemplo que poderia ser seguido. Apesar de ocupar uma grande extensão, o porto concentra centenas de empresas em apenas um local, não permitindo a degradação de outras áreas, e abastece grande parte do continente. Estratégia muito diferente da que está sendo planejada para o Estado, onde poderão ser construídos até 30 portos, em uma distância considerável entre si e prioritariamente longe da ocupação humana – ou seja, em unidades de conservação.
 
Também no seminário passado, o historiador e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Luiz Cláudio Ribeiro, apontou que os lucros produzidos por esse tipo de empreendimento provocam o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), mas não geram riquezas para o povo capixaba. Não à toa, listou como consequências da chegada do empreendimento o aumento dos bolsões de pobreza, a ocupação desordenada e as ausências de infraestrutura e de empregos para as populações locais, citando os exemplos de bairros como São Pedro, que cresceu a partir da instalação de grandes empreendimentos na Capital.
 
A partir da próxima semana, o Fórum Popular realizará debates itinerantes que percorrerão todo o município de Vila Velha para debater a questão do superporto e apresentar os impactos gerados por essa nova construção. O primeiro deles será no próximo dia 11, quarta-feira, na Escola Tuffy Nader, na Barra do Jucu, a partir das 19 horas. Esse debate será destinado aos moradores da Região 5, que engloba a Grande Terra Vermelha e proximidades.

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