Segunda, 06 Mai 2024

Trabalhadores metalúrgicos do Estaleiro Jurong entram em greve

Trabalhadores metalúrgicos do Estaleiro Jurong entram em greve
Os trabalhadores metalúrgicos do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) iniciaram uma greve nesta sexta-feira (3), depois de recusarem a proposta para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A proposta rejeitada foi oriunda de uma mediação realizada no Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (2), com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado (Sindimetal-ES) e a empresa. 
 
A reunião foi realizada depois de os trabalhadores rejeitarem duas propostas para a renovação da CCT. Os trabalhadores pedem ganho real de 5%, auxílio-alimentação no valor de R$ 500,00; e piso profissional por função.
 
A proposta rejeitada consistia em reajuste salarial de 6,3%, sendo 5,3% a inflação do período pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 1% de ganho real; a inflação mais 3% de reajuste nos pisos atuais; 30% do valor do plano de saúde de cada dependente custeado pela empresa e auxílio-alimentação de R$ 250,00.
 
Em setembro deste ano os trabalhadores já haviam rejeitado proposta dos patrões, que consistia em reajuste salarial equivalente à inflação do período, sem ganho real, e um auxílio-alimentação de R$ 195,00. Os empresários também não aceitaram negociar a implementação de piso por função.
 
Em março deste ano, os moradores da região da Barra do Riacho fizeram um protesto justamente por conta da falta de prioridades na contratação de moradores locais para as atividades do estaleiro. Um mês depois, 
a mídia corporativa iniciou uma ofensiva destinada a criminalizar o movimento dos trabalhadores que lutam por melhores condições de trabalho, quando a Jurong anunciou que as ações do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil do Estado (Sintraconst-ES) inviabilizaram o término da construção, iniciada em Cingapura, do primeiro navio-sonda de nome Arpoador.
 
Embora a empresa tenha sido obrigada, no processo de licenciamento do estaleiro, a contratar 80% da mão de obra das comunidades impactadas diretamente pelo empreendimento nos processos de instalação e operação, a Jurong e suas empreiteiras nunca cumpriram o estabelecido, como afirma a sociedade civil organizada. Na época, moradores afirmaram que as últimas contratações realizadas pelas empreiteiras que prestam serviços à Jurong sequer passaram pelo cadastro do Sistema Nacional de Empregos (Sine). Uma delas admitiu 60 trabalhadores da região metropolitana do Estado e apenas dois de Barra do Riacho.
 
Embora a empresa ofereça muitas vagas de emprego, raras oportunidades são concedidas aos trabalhadores da região. Não há prioridade de contratação da mão de obra local no processo seletivo da Jurong. Cursos profissionalizantes realmente são fornecidos pela Jurong, mas a empresa exige experiência na área, eliminando os trabalhadores com qualificação recente.
 
Enquanto a Jurong prioriza a contratação de trabalhadores de outras regiões, Barra do Riacho sofre um intenso processo de migração. Os trabalhadores locais, precisando de emprego e sem ter opções no local de moradia, optam por aceitar empregos em outras regiões do Estado e até do país. Ao mesmo tempo, a promessa de empregos gerada pela construção do estaleiro faz com que a cada dia cheguem mais trabalhadores de outras regiões ao vilarejo. Sem conseguir empregos, muitos acabam por engrossar os bolsões de pobreza no antes pacato lugar.

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