Medida começa a vigorar nessa sexta, mas ônibus seguem sem previsão
O governador Renato Casagrande (PSB) anunciou, nesta quinta-feira (17), que o Sistema Aquaviário da Grande Vitória passa agora a aceitar pagamentos por aproximação com cartão de crédito e débito. Segundo ele, a medida foi adotada para facilitar o deslocamento de moradores e turistas no Estado, como neste feriado, durante a Festa da Penha, que começa neste domingo (20) e segue até a segunda-feira (28).
“É especial para os turistas que gostam de usar o aquaviário, gostam de vir aqui, gostam de conhecer também as estações e circular entre as estações. Então o turista que não tem o Cartão GV pode usar a partir deste dia, hoje, o cartão de crédito e débito, mas só informando que ainda não está sendo aceito nos ônibus, é só no aquaviário”, destacou Casagrande.
Além da nova forma de pagamento, os horários de circulação também serão ampliados em alguns dias da festa. Na sexta (25), domingo (27) e segunda (28), os barcos funcionarão até 22h. Já no sábado (26), a operação segue até 1h da madrugada. A ampliação vale tanto para a linha 401 (Porto de Santana – Praça do Papa) quanto para a linha 402 (Praça do Papa – Prainha).
O governador também afirmou que novos anúncios para a mobilidade urbana devem ser feitos na próxima semana. A pauta tem sido alvo constante de críticas de usuários da região metropolitana, especialmente por conta da precarização dos serviços e da ausência de formas mais acessíveis de pagamento — como o uso de cartão por aproximação nos ônibus, ainda indisponível. Nas últimas semanas, duas audiências públicas foram realizadas para debater a situação do sistema de transporte: uma em Viana e outra na Serra. Moradores e movimentos sociais cobraram melhorias na frota, nos horários de circulação e nas condições dos veículos, além de denunciar a superlotação.
Diante das cobranças, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) anunciou recentemente a criação de três novas linhas no sistema Transcol: a 871 (Planalto Serrano/Terminal Laranjeiras, via Bloco C/Campinho da Serra I), a 547 (Jardim Camburi/Terminal Itaparica, via 3ª Ponte/Terminal Vila Velha) e a 897 (Terminal Carapina/Jardim Limoeiro, via ES-010). A concessionária afirma que a medida atende a reivindicações antigas da população e foi baseada em estudos técnicos. No entanto, usuários apontam que a criação dessas linhas ainda não resolve problemas estruturais, como a superlotação, a insuficiência da frota e os horários limitados.
Oferta limitada
O sistema aquaviário foi reativado em 2023, após mais de 20 anos fora de operação, mas ainda atende a apenas duas linhas e três estações: Prainha, em Vila Velha (Estação Governador Albuíno Azeredo); Praça do Papa, em Vitória (Estação Setembrino Pelissari); e Porto de Santana, em Cariacica (Estação Prefeito Aloízio Santos). A tarifa é a mesma do Transcol e os dois sistemas são integrados: quem começa a viagem em um modal e termina no outro paga apenas uma passagem, desde que utilize o Cartão GV.
Apesar disso, a oferta de horários e destinos segue reduzida. Desde a retomada, o governador afirma que o serviço deve crescer com o tempo. Entre as sugestões feitas por usuários e especialistas, estão a criação de novas estações, como na Rodoviária de Vitória, na Ilha do Príncipe, no Cais do Hidroavião (em Santo Antônio) e na Ilha das Caieiras. Também há demanda para que o aquaviário seja utilizado no transporte de cargas leves e bicicletas, já que a declinação da Terceira Ponte é superior ao recomendado para ciclistas.
Reajuste e protesto
Em janeiro deste ano, o Conselho Tarifário aprovou um reajuste de 4,26% no valor das tarifas do transporte coletivo da Grande Vitória. A passagem do aquaviário e dos ônibus do Sistema Transcol subiu de R$ 4,70 para R$ 4,90 de segunda a sábado, enquanto o valor com desconto aos domingos passou de R$ 4,10 para R$ 4,30. A tarifa do serviço de bicicletas públicas, o Bike GV, foi ajustada de R$ 2,35 para R$ 2,45.
O aumento gerou protestos de movimentos estudantis e sociais, sindicatos e organizações de trabalhadores, que foram impedidos de participar da reunião do Conselho Tarifário, realizada na sede do Departamento de Edificações e Rodovias (DER-ES), na Ilha de Santa Maria, em Vitória. Entre as reivindicações, estavam a realização de uma consulta pública e de um estudo de viabilidade para a implementação da tarifa zero no sistema, proposta vista como alternativa mais inclusiva e sustentável. Também foi cobrada uma auditoria no contrato vigente, que prevê reajustes anuais até 2044.
