Quinta, 02 Mai 2024

Articulador político e ex-membro do PCB morre aos 78 anos

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Morreu na madrugada desta terça-feira (1º), no Hospital Metropolitano, em Cariacica, aos 78 anos, o articulador político Idivarci Martins, ex-secretário de Cultura de Vitória e ex-assessor dos governadores Albuíno Azeredo (PDT) e José Ignácio Ferreira (PSDB), com uma longa história no Partido Comunista Brasileiro (PCB), o "Partidão", durante a ditadura militar. Ele se recuperava de uma cirurgia no estômago, para tratamento de câncer.

Um dos parceiros políticos e amigo do ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), com longa atuação também no ninho tucano,  Idivarci Martins deixa mulher, Geanne, e dois filhos, Igor e Pedro Emílio. A família e a trajetória do articulador político foram temas de discursos na sessão desta terça da Assembleia Legislativa, dos deputados Tyago Hoffmam (PSB), João Coser (PT) e Mazinho dos Anjos (PSDB). 

Idivarci nasceu em Pancas, noroeste do Espírito Santo, transferindo-se para o Rio de Janeiro ainda na juventude, onde conheceu Geanne, no município de Duque de Caxias, durante a militância da juventude comunista. Foi naquele local que ele participou da realização do que seria um dos primeiros festivais ao ar livre no país voltado ao público jovem, depois dos festivais da canção dos anos 1960, como conta o jornalista Luiz Carlos Azedo, de Brasília, em texto sobre a morte do amigo Idivarci, como ele, antigo militante do "Partidão".

"Era o Dia da Criação, nome inspirado na canção de Vinicius de Moraes, que obviamente seria realizado num sábado, no estádio municipal da cidade, mas cujo formado era de um grande happining, inspirado em Woodstock, o marco da música eletrônica, do movimento hippie, da paz e do amor".

Azedo prossegue: "No governo de Emílio Garrastazu Médice, a ditadura militar estava no auge da repressão à oposição. Com um grupo de agitadores culturais, entre os quais Marinaldo Guimarães, empresário do Módulo 1000, Leonis, o 'Leão', e Ademir Lemos, a ambição de Idivarci em fazer um grande evento de massas naquela cidade improvável, mal-afamada por causa do ex-deputado Tenório Cavalcanti, do brutal 6º. Batalhão da Polícia Militar fluminense e da presença do antigo 'Esquadrão da Morte', parecia um delírio. E era, no bom sentido".

Segundo Azedo, "Idivarci foi um dos organizadores do ato de lançamento da campanha de anticandidato de Ulysses Guimarães, na Assembleia Legislativa do antigo estado do Rio de Janeiro, em setembro de 1973, de onde saiu a passeata registrada na foto. Para fazer oposição ao regime, Ulysses ganhou nas ruas o prestígio popular que falou ao presidente Ernesto Geisel, eleito pelo voto indireto, em 174.

Nas eleições de 1974, Idivarci coordenou a campanha de Alves de Brito, um ex-caldeireiro de cobre, que viria a ser o segundo deputado estadual mais votado do antigo do Rio. Seu desempenho eleitoral na Baixada foi considerado excelente: graças ao trabalho de Idivarci e seus companheiros da Baixada, recebeu 3.500 votos em Caxias e 1.500 em Nova Iguaçu. Para o PCB elegeu um operário no antigo estado do Rio e a jornalista e líder feminista Heloneyda Stuart, na antiga Guanabara, para a Constituinte da fusão RJ-GB.

Passada a eleição, conta Azedo -, Idivarci foi enviado para um curso de formação na Escola de Quadros do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), juntamente com Lair Rodrigues, estudante de Química, que fora o motorista da campanha de Alves de Brito e, por isso, conhecera todo o partido no antigo estado do Rio de Janeiro. Hoje, Lair vive em Barcelona, com a mulher e a filha cubanas, mas durante muitos anos, desde o exílio, foi empresário em Cuba, representando a indústria farmacêutica alemã. Eram muito amigos.

Idivarci não pêde voltar ao país, porque o núcleo dirigente do PCB do antigo estado do Rio de Janeiro havia sido preso. Permaneceu em Moscou e passou a ser o responsável pela Seção Juvenil do Comitê Central. Na Europa, Idivarci foi o responsável pela organização da grande delegação brasileira que participou do Festival Mundial da Juventude de Havana, em 1978.

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