Quinta, 16 Mai 2024

Campanha 'Respeito todos na via' é criticada pelos Ciclistas Urbanos Capixabas

Campanha 'Respeito todos na via' é criticada pelos Ciclistas Urbanos Capixabas
Segundo o movimento Ciclistas Urbanos Capixabas (CUC), a Prefeitura de Vitória errou na mão ao lançar a campanha “Respeito todos na via”. Com o objetivo de promover um convívio respeitoso entre ciclistas, pedestres e motoristas nas ruas da Capital, a campanha deixou de lado os 1,5 metros de distância que deve ser respeitado pelos motorista e aconselha o ciclista a pedalar próximo ao meio fio, colocando o ciclista em risco.  
 
A entidade publicou nesta terça-feira (24) uma nota  em sua página no Facebook. No texto eles declaram que a Federação Espírito-Santense de Ciclismo (Fesc), entidade voltada para o esporte de competição e que apoia a campanha, não representa os desejos e as propostas do ciclismo urbano defendidas pelo CUC. 
 
“Observamos que a Fesc, por ter seu presidente ocupando cargo de confiança comissionado na Prefeitura de Vitória - PMV, não tem autonomia nem independência para se posicionar com opiniões críticas sobre a campanha publicitária de mobilidade urbana que está sendo divulgada pela PMV nessa semana com logomarca da Fesc junto à logomarca da atual administração municipal. Entendemos que qualquer apoio daquela federação às ações municipais será tendenciosa à política da gestão municipal”, declarou o movimento em sua página no Facebook. 
 
A campanha, segundo o CUC, não agrada sobretudo, por orientar mal o ciclista capixaba e ignorar as reuniões feitas entre as partes para definir as prioridades do segmento.
 
O resultado, afirmou a cicloativista Detinha Son, do CUC, é uma campanha que ao invés de focar no motorista, principal responsável pelos acidentes registrados,  foca muito nos deveres do ciclistas. “Não entenda mal, o ciclista tem deveres e direitos que também devem ser ressaltados, porém, a maioria dos acidentes ocorre porque os veículos não respeitam os 1,5 metros previstos no Código Nacional de Transito. Isso ficou fora da campanha”, advertiu. 
 
 

Outro ponto criticado, diz respeito à orientação de onde o ciclista deve pedalar. Em São Paulo, defende Detinha Son, onde o trânsito de ciclista é considerado o 18º melhor do mundo, a orientação é que o ciclista ocupe o meio da faixa de trânsito e não as margens do meio fio. 
 
Quanto ao questionamento sobre o uso das bordas das pistas, a PMV informou que  obedece ao Código de Trânsito, Art. 58: "Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores".
 
Os ciclistas rebatem. “O problema de ocupar a rua próximo ao meio fio, como recomenda o vídeo [da campanha], é o alto índice de buraco e bueiros. Além disso, a medida induz a uma falsa oportunidade de espaço para que o carro ultrapasse sem manter os 1,5 metros de distância previstos na lei, portanto, nunca ande próximo ao meio fio como é recomendado”, disse um dos ciclistas urbanos na página do CUC. 
 
Para os ciclistas, o Código de Transito não é claro quando afirma que os ciclistas têm que pedalar na borda das vias públicas, e por isso, faltou bom-senso na hora de elaborar a campanha,  sobretudo, baseado na experiência relatadas pelos ciclistas durante as reuniões.  
 
A campanha, também vai contra as recomendações do site Vá de Bike, referência de ciclistas urbanos iniciantes há mais de 

10 anos. No site, os ciclistas são orientados a ocupar uma faixa maior da faixa de trânsito (um terço) para garantir a sua segurança no trânsito. 
 
Apesar do “instinto de sobrevivência levar o ciclista a pedalar mais à direita da via, isso pode acabar levando ao resultado oposto, ou seja, dando espaço para que os carros pressionem os ciclistas”, orienta o site Vá de Bike. Outra vantagem de se ocupar melhor a pista é a de não andar rente aos carros estacionados e, portanto, não correr o risco de levar portadas de carros parados. 
 
Desta forma, defendem os ciclistas capixabas e paulistas, é possível evitar o “dá pra passar” dos motoristas, evitando as colisões entre as partes. A ocupação maior do espaço da faixa, defendem os ciclistas, não vai  contra o Código de Trânsito Brasileiro, visto que o mesmo não estipula qual é o espaço da “margem da pista” recomendado para a pedalada e garante maior segurança para o ciclista.  
 
 
Segundo a Prefeitura de Vitória, a campanha que será veiculada durante 10 dias obedece às leis de trânsito e deverá reforçar atitudes e comportamentos simples e necessários nas vias públicas. 
 
“As ações contemplam a lei municipal nº 7787, que estabelece no calendário oficial de Vitória a Semana Municipal do Ciclista, com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a sociedade civil, através de políticas públicas que promovam o uso da bicicleta na capital”, divulgou. 
 
De acordo com a prefeitura, ao longo da campanha todos os usuários de vias públicas terão seus deveres e direitos ressaltados. 

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