Quarta, 24 Abril 2024

Demitidos da Findes formam grupos para lutar pela reintegração no emprego

Findes_-Alexandre-Mendona_findes Alexandre Mendona/Findes
Alexandre Mendona/Findes

Os quase 300 trabalhadores demitidos pelo Sistema Findes, que além da Federação das Indústrias do Espírito Santo inclui o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), se organizam em grupos, que se comunicam online, para adotar medidas judiciais visando à reintegração no emprego. As demissões - 249 inicialmente - foram anunciadas na quarta-feira e prosseguiram nessa quinta (21), provocando um clima de tensão e revolta. 

O Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais e de Orientação Profissional (Senalba) anunciou na quinta, em áudio gravado por seu presidente, Wanderci Soares Neto, que o setor jurídico da entidade prepara uma ação civil pública, com a finalidade de reverter todas as demissões. "A gente está optando por esse tipo de ação por causa das novas regras das Leis Trabalhistas", disse, e explicou: "As novas regras estabelecem valores de custas processuais para os sindicatos, que são menores nesse tipo de contestação".

A argumentação a ser utilizada na ação será a ata da reunião entre representantes do Senai, Senalba e do Ministério Público do Trabalho (MPT), realizada recentemente, considerando que foi recusada a proposta de um acordo de demissão, por envolver, também, trabalhadores estáveis, muitos deles reintegrados em suas funções no processo contestatório às demissões ocorridas em 2018 e 2019.

Na sede da Findes, na Reta da Penha, o clima é assustador, "um vale de lágrimas", conta uma das funcionárias, "com mais de 10 anos de casa", atingidas pelo corte. "Foi um massacre", explica outra, tachando de "ato criminoso" a decisão adotada pelo Conselho de representantes, liderada pelo presidente do Sistema, Léo de Castro, que deixa o cargo em julho desse ano. Ele será substituído por Christine Samorini, eleita em abril passado.

"Mandou todo mundo embora, para depois adotar a Medida Provisória (MP) de flexibilização do trabalho", comenta um dos demitidos, apontando para a MP 927, inspirada em documento apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e discutida com um grupo de empresários bolsonaristas em encontro com o presidente, amplamente divulgado pela grande imprensa do país, em março e abril desse ano. Trabalhadores e seus representantes sindicais não foram ouvidos. Com a reação social à suspensão do pagamento dos salários dos empregados durante quatro meses, o governo recuou editando a MP 928, que, entretanto, não encerra a questão. A polêmica persistiu, forçando o governo a editar a outra MP, a 936/2020 no dia 1º de abril, que corta salário e suspende direitos dos trabalhadores.

Para justificar as demissões, o Sistema Findes anunciou uma perda de receita de R$ 51,4 milhões este ano, em função da MP 932, que reduziu em 50% os repasses para o Sistema S, incluindo o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai), e também devido à queda de receitas de serviços.

Os funcionários contestam a argumentação e apontam para a "reforma gigantesca" em andamento na sede da entidade, na Reta da Penha, em Vitória, e os gastos com o que chamam de "Disco voador", onde funciona o Findeslab, centro de tecnologia e inovação que funciona no topo do edifício, inaugurado em 2019, para onde foi projetado um restaurante giratório, em um projeto equivocado e polêmico, embargado judicialmente.

O restaurante giratório, com vista panorâmica, estava orçado inicialmente em cerca de R$ 8,4 milhões, como parte das obras de reforma e ampliação no prédio da Findes, na gestão do então presidente, Lucas Izoton, em 2011, passando por seu substituto, Marcos Guerra, quando foi embargado judicialmente, tendo a Findes que devolver recursos financeiros do Sesi e Senai empregados na obra. Já transformado em centro de tecnologia e inovação, foi inaugurado em setembro de 2019 pelo atual presidente, Léo de Castro, a um custo de R$ 26 milhões.

"O passivo trabalhista do Sistema só aumenta, no mesmo passo que a revolta das pessoas demitidas", comenta um trabalhador que acabou de perder o emprego. "Desrespeitam até a lei, pois muitos demitidos estão em processo de reintegração e isso representa descumprimento de ordem judicial, é crime", assevera, e completa a frase com a afirmação de que vai lutar na Justiça.

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Comentários: 2

Valkineria Bussular em Sábado, 23 Mai 2020 07:48

Sobre o assunto Demissões na Findes que foi uma prática desta gestão eu gostaria de expressar minha opinião de conselheira do sistema e presidente de Sindicato. Em nenhum momento o conselho foi consultado para todas as demissões feitas no sistema e sim comunicado, estas últimas que aconteceram esta semana todas as demissões já estavam definidas e apenas foram levadas ao conselho que no meu entender foi uma estratégia desta diretoria de dividir responsabilidades para ficar bem na mídia. Entendo que todas as instituições como as indústrias estão passando por dificuldades, porém o que esta gestão tem feito é demitir colaboradores de carreira e competentes para dar lugar a executivos de altos salários vindos de outros estados, seria um acordo político? Contrariando quem veio a mídia dizer que não haveria interferência política na eleição da Findes. Porque deixar profissionais do estado desempregados e gerar empregos para outro estado? Até então não foi divulgado a demissão de nenhum desses executivos de altos salários que estão tendo o privilégio de ficar em casa, apenas fazendo relatórios diários sobre o Covid 19 e a crise financeira, relatórios esses sem conteúdo, mesmo porque a mídia mostra isso o dia todo, basta ligar a TV em qualquer canal, fora os vídeos divulgados em redes sociais. Também deixar claro que o conselho da Findes não delibera sobre assuntos de Sesi e Senai, ambos tem conselhos específicos e independentes e isso é uma fala do atual presidente constante todas as vezes que algum conselheiro pedia explicações sobre algum assunto relacionados as estas duas casas e agora eu como conselheira não vou compactuar com isso, mesmo porque por manobras muito bem elaboradas ele tem a maioria nos dois conselhos. Mas como o próprio superintendente das casas anunciou na última reunião do conselho “Todos os gestores foram treinados para demitirem de forma Humanizada” quanta ironia, jamais vai existir uma demissão de forma humanizada em plena pandemia visto que ficam os mais altos salários com uma redução de 25%. Acabamos de sair de uma eleição, admito que não apoie a canditada e também não é esse o motivo do que deixo aqui escrito, porque sempre fui uma conselheira atuante, sempre defendi o bom colaborador, sempre me posicionei contrária a muitas atitudes desta gestão que desde o início veio praticando atos contrários à tudo que me foi apresentado quando pediu apoio a sua canditadura, dei meu apoio e voto e sinto muito por tudo que o sistema Findes tem se tornado por atos que não deixa mais espaços para opiniões, exclui as micro e pequenas empresa, apoioando assim uma pequeno grupo que não representa o industrial capixaba.

Sobre o assunto Demissões na Findes que foi uma prática desta gestão eu gostaria de expressar minha opinião de conselheira do sistema e presidente de Sindicato. Em nenhum momento o conselho foi consultado para todas as demissões feitas no sistema e sim comunicado, estas últimas que aconteceram esta semana todas as demissões já estavam definidas e apenas foram levadas ao conselho que no meu entender foi uma estratégia desta diretoria de dividir responsabilidades para ficar bem na mídia. Entendo que todas as instituições como as indústrias estão passando por dificuldades, porém o que esta gestão tem feito é demitir colaboradores de carreira e competentes para dar lugar a executivos de altos salários vindos de outros estados, seria um acordo político? Contrariando quem veio a mídia dizer que não haveria interferência política na eleição da Findes. Porque deixar profissionais do estado desempregados e gerar empregos para outro estado? Até então não foi divulgado a demissão de nenhum desses executivos de altos salários que estão tendo o privilégio de ficar em casa, apenas fazendo relatórios diários sobre o Covid 19 e a crise financeira, relatórios esses sem conteúdo, mesmo porque a mídia mostra isso o dia todo, basta ligar a TV em qualquer canal, fora os vídeos divulgados em redes sociais. Também deixar claro que o conselho da Findes não delibera sobre assuntos de Sesi e Senai, ambos tem conselhos específicos e independentes e isso é uma fala do atual presidente constante todas as vezes que algum conselheiro pedia explicações sobre algum assunto relacionados as estas duas casas e agora eu como conselheira não vou compactuar com isso, mesmo porque por manobras muito bem elaboradas ele tem a maioria nos dois conselhos. Mas como o próprio superintendente das casas anunciou na última reunião do conselho “Todos os gestores foram treinados para demitirem de forma Humanizada” quanta ironia, jamais vai existir uma demissão de forma humanizada em plena pandemia visto que ficam os mais altos salários com uma redução de 25%. Acabamos de sair de uma eleição, admito que não apoie a canditada e também não é esse o motivo do que deixo aqui escrito, porque sempre fui uma conselheira atuante, sempre defendi o bom colaborador, sempre me posicionei contrária a muitas atitudes desta gestão que desde o início veio praticando atos contrários à tudo que me foi apresentado quando pediu apoio a sua canditadura, dei meu apoio e voto e sinto muito por tudo que o sistema Findes tem se tornado por atos que não deixa mais espaços para opiniões, exclui as micro e pequenas empresa, apoioando assim uma pequeno grupo que não representa o industrial capixaba.
Marcela em Segunda, 25 Mai 2020 03:08

Prezada Valkinéria, as famílias dos 250 colaboradores jogados na rua durante uma pandemia agradecem o seu posicionamento. Acrescento importantes fatos:
- Um plano de contenção de despesas, sem corte drástico de pessoal, foi preparado pelos gestores. Contudo, a Findes segurou isto para não atrapalhar a eleição da candidata indicada pela presidência atual. A eleição passou e os gastos acumularam.
- Os gestores foram coagidos a fazerem listas de dispensas sem nenhum critério técnico, baseando-se apenas em uma meta de redução estipulada pela diretoria. Funcionários do contrato de trabalho antigo com estabilidade, os reintegrados e aqueles que possuem algum processo trabalhista foram forçados nesta lista. O Diretor Regional do SENAI foi responsável por revisar nome a nome dos que eles queriam eliminar.
- O “coaching para demissões” foi uma vergonha, na verdade tratou-se de um passo a passo de um discurso pronto para demitir sem tentar comprometer a instituição. Além da extrema falta de ética de convocarem para esse “treinamento” alguns gestores que seriam demitidos no dia seguinte (aqueles mesmos que foram obrigados a fazerem listas de demissões absurdas).
- Realmente, nenhum quadro de diretores, com salários de R$30-R$50 mil foi afetado, enquanto isso pelo menos 30 demitidos ganhavam salário mínimo.
- A justificativa do corte do compulsório é ridícula, são apenas 50% em 3 meses, ou seja, a suspensão dos contratos resolveria.

Pedimos que a senhora leve esta batalha em frente, por favor, não abandone as 250 famílias atingidas.

Prezada Valkinéria, as famílias dos 250 colaboradores jogados na rua durante uma pandemia agradecem o seu posicionamento. Acrescento importantes fatos: - Um plano de contenção de despesas, sem corte drástico de pessoal, foi preparado pelos gestores. Contudo, a Findes segurou isto para não atrapalhar a eleição da candidata indicada pela presidência atual. A eleição passou e os gastos acumularam. - Os gestores foram coagidos a fazerem listas de dispensas sem nenhum critério técnico, baseando-se apenas em uma meta de redução estipulada pela diretoria. Funcionários do contrato de trabalho antigo com estabilidade, os reintegrados e aqueles que possuem algum processo trabalhista foram forçados nesta lista. O Diretor Regional do SENAI foi responsável por revisar nome a nome dos que eles queriam eliminar. - O “coaching para demissões” foi uma vergonha, na verdade tratou-se de um passo a passo de um discurso pronto para demitir sem tentar comprometer a instituição. Além da extrema falta de ética de convocarem para esse “treinamento” alguns gestores que seriam demitidos no dia seguinte (aqueles mesmos que foram obrigados a fazerem listas de demissões absurdas). - Realmente, nenhum quadro de diretores, com salários de R$30-R$50 mil foi afetado, enquanto isso pelo menos 30 demitidos ganhavam salário mínimo. - A justificativa do corte do compulsório é ridícula, são apenas 50% em 3 meses, ou seja, a suspensão dos contratos resolveria. Pedimos que a senhora leve esta batalha em frente, por favor, não abandone as 250 famílias atingidas.
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