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‘É a bandeira branca do governo, agora é sentar para negociar’

Presidente do Sindipúblicos, Renata Setúbal, diz que suspensão da greve abre fase decisiva

Após 31 dias de greve, os servidores do Executivo estadual decidiram, em assembleia nesta sexta-feira (7), pela suspensão do movimento, para aceitar a proposta formalizada em ofício pelo governo Renato Casagrande (PSB), de garantir o retorno imediato da mesa de negociação salarial, o abono de todos os dias parados, e a não interrupção da contagem do período como tempo de serviço para fins de férias, progressão, promoção e licença-prêmio.

A principal reivindicação da campanha salarial deste ano é a reestruturação das carreiras, para corrigir desigualdades históricas, e reajustes que poderiam recuperar até 30% da defasagem salarial da categoria, que o sindicato estima em cerca de 50% dos rendimentos. A proposta atingiria 3,7 mil servidores da ativa, de 14 autarquias e secretarias. Com a falta de respostas do governo, a greve havia sido prorrogada por mais trinta dias em assembleia na última semana, caso a gestão não sinalizasse abertura de negociação.

A presidente do Sindipúblicos, Renata Setúbal, avalia que o recuo do governo, sem judicialização, é resultado direto da pressão da categoria. “É a bandeira branca do governo. Agora é sentar para negociar”, avalia. Para ela, o movimento saia com uma conquista política histórica pela opção assumida pelo governo de retomar o diálogo com a categoria. “Foram 31 dias de greve, e só houve proposta quando a pressão se tornou intransponível”, completou.

Sindipúblicos

Apesar de a medida da gestão estadual não resolver, de imediato, o problema central de defasagem salarial e evasão no serviço público, os servidores consideraram que o movimento teve resultado positivo. “Conseguimos voltar para mesa de negociação e a gestão assumiu o compromisso de realizar a primeira reunião após 15 dias”, explica.

O ofício foi enviado ao sindicato nessa quinta-feira (6), e afirma que a decisão de convocar os servidores para reabrir a negociação e abonar os dias parados, com a condição de suspensão da greve, “reflete o compromisso desta Administração em preservar um ambiente de diálogo e cooperação, reconhecendo a legitimidade dos pleitos apresentados pelos servidores”. O diretor do Sindipúblicos, Iran Caetano, afirma que “não há registro do governo abrir diálogo sem antes judicializar ou criminalizar o movimento grevista”.

Os servidores também definiram uma próxima assembleia geral unificada (AGU) para a semana seguinte à reunião com o governo. O objetivo é, assim que haja contraproposta financeira oficial, decidir se a base aceita, recusa ou apresenta ajustes. Renata antecipa que o sindicato já chega com sua proposta consolidada. “O que o governo vai ter que discutir agora na mesa de negociação é a pauta financeira”, enfatiza.

A dirigente frisa que a suspensão da greve não significa recuo do movimento. “Mesmo retomando as atividades, os servidores podem deliberar para que continuem sendo realizados atos, presença digital e novas assembleias. Fizemos um movimento histórico. O governo não teve mais como ignorar. A mobilização incomodou, pressionou e mostrou a força da categoria”, conclui.

A pauta encaminhada ao Palácio Anchieta se baseia em três eixos: recomposição salarial real, reorganização das tabelas de remuneração, e desenho de progressões que valorizem a permanência no serviço público. O sindicato argumenta que as perdas acumuladas pela inflação nos últimos anos, pela falta de recomposição capaz de acompanhar o custo de vida, reflete na evasão crescente de profissionais para outras esferas do Estado e o setor privado.

Para os representantes do Sindipúblicos, a discrepância entre remunerações de servidores com o mesmo nível e a mesma graduação, mas lotados em órgãos diferentes, tem agravado o sentimento de desvalorização reclamado pelo funcionalismo público. Diante disso, a proposta apresentada à Casa Civil prevê equiparação proporcional entre os salários dos servidores do Executivo e do Judiciário.

No Judiciário, a remuneração básica para 30 horas semanais é de cerca de R$ 7 mil, enquanto no Executivo, servidores com a mesma formação ganham R$ 6,9 mil para 40 horas. Para corrigir essa desigualdade, a equiparação proporcional em negociação prevê que os vencimentos do nível superior no Executivo passem para R$ 9,3 mil, um reajuste de aproximadamente 35%. Para o nível técnico, a proposta é de 70% desse valor, e para o nível médio, 50%, seguindo parâmetros semelhantes aos adotados na lei do piso da enfermagem.

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