Domingo, 19 Mai 2024

Jardim Camburi: associação vive imbróglio para formar comissão da disputa à diretoria

As disputas em bairros por toda a cidade de Vitória seguem movimentadas nesse período de eleições municipais. Após as denúncias de fraudes nas eleições para coordenador-geral da Associação de Moradores de Jardim da Penha (AMJAP), a bola da vez é a Associação Comunitária de Jardim Camburi (ACJAC), maior bairro da Capital, com mais de 39 mil moradores.
 
Nos últimos dias, a entidade foi envolta em um imbróglio durante o processo de formação de uma Comissão Interventora que conduzirá a ACJAC para as próximas eleições de sua diretoria. A nomeação iria ocorrer após denúncias de que a atual direção – segundo informações, majoritariamente ligada ao PPS – teria feito um processo irregular de prorrogação de seu próprio tempo de gestão, que terminou em maio deste ano. A ação foi considerada um golpe por grupos e pessoas que não compõem atualmente a diretoria da ACJAC. 
 
O mais notório opositor à prática é o morador Aloísio Muruce, candidato a vereador pelo PRP, autor de uma representação no Ministério Público do Estado (MPES) contra a movimentação da diretoria, que provocou a decisão do órgão de obrigar a realização de uma assembleia geral do bairro para formação da Comissão Interventora. Além dele, grupos do Psol e do PT também acompanham de perto a questão, incluindo os candidatos petistas a vereador José Silvério de Almeida, Wanderley de Oliveira e Eliézer Tavares.
 
A necessidade da Comissão foi definida em uma reunião ocorrida no dia 22 de agosto entre alguns moradores do bairro, ex-diretores da associação e a promotora Arlinda Maria Barros Monjardim, da 28ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória, que firmou um Termo de Audiência sobre a questão. Após as denúncias de Muruce, foi gerado um Processo Administrativo no MPES (número 11.380/2012), para apurar os supostos atos irregulares.
 
Com a decisão do órgão, houve diversas movimentações dos grupos para a nomeação da Comissão. Nessa terça-feira (11), após convocação via internet, mais de 70 moradores realizaram uma assembleia em frente à Escola de Ensino Fundamental Elzira Vivácqua. A reunião elegeu três membros para a Comissão Interventora: Ramon Moreira, estudante de Economia da Ufes; Ícaro Caniçali, que cursa Engenharia de Automação no Instituto Federal do Estado (Ifes) – ambos do PT –, e Solange Martins, líder comunitária de Atlântica Ville. 
 
A reunião só não ocorreu no auditório da escola, como constava na convocação, porque membros da diretoria foram ao local mais cedo e impediram que isso acontecesse, com a argumentação de que já havia uma Comissão eleita em outra assembleia, supostamente realizada um dia antes (10). Duas dessas pessoas, capitaneadas pelo morador Manoel Braga, também foram à reunião do dia 11. “Braguinha”, como é conhecido no bairro, apresentou um documento homologado no MPES que nomeava outras três pessoas enquanto Comissão Interventora – incluindo o seu próprio nome.
 
Segundo o morador Vinicius de Lima, que foi secretário da assembleia, “Braguinha” estava com sinais claros de embriaguez, o que levou os presentes a não darem crédito às suas intervenções. Além disso, apesar de contestar a própria assembleia, o morador teria se candidatado para a Comissão Interventora, mas, ao ver que não receberia votos, se retirou do local.
 
Denúncias apontam que o documento apresentado ao Ministério Público por Manoel Braga é falso. Os membros da Comissão eleita na assembleia do dia 11 afirmam que ele teria coletado assinaturas em ruas, bares e casas de pessoas, supostamente induzindo o órgão a erro na homologação.
 
Além dessas questões, há outro problema que eleva ainda mais as farpas trocadas no bairro. O grupo majoritário da atual gestão da ACJAC contesta a validade da assembleia do dia 11, afirmando que ela foi convocada por Aloísio Muruce como forma de expor suas próprias denúncias – questões eleitorais à parte. 
 
Segundo o site Eu amo meu bairro – Jardim Camburi, mais um agente influenciador das disputas locais, o encontro do dia 11 teria sido convocado por moradores que participaram de outra assembleia, em 31 de agosto, realizada pela diretoria da ACJAC e também construída, segundo informações, por Manoel Braga. O site afirma que esta última reunião não teve divulgação nem participação que a legitimariam, o que levou os moradores a chamar a realização de uma nova.
 
O próximo passo seria a convocação para eleger uma Comissão Eleitoral e organizar o próximo pleito da ACJAC, que deve acontecer no fim de novembro. A reunião da última terça-feira determinou um prazo de 15 dias para a sua realização, mas o grupo de Manoel Braga também lançou um edital convocando a assembleia para 11 de outubro, duplicando novamente o processo.
 
A ata da assembleia do dia 11 deve ser protocolada ainda nesta quinta-feira (13) no Ministério Público Estadual e, a partir daí, os moradores envolvidos ficam esperando as próximas movimentações e decisões do órgão, na expectativa de que resolvam o problema.

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Segunda, 20 Mai 2024

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