Protesto contra a situação fechou rodovia de acesso ao município por uma hora
Moradores do distrito de Fazenda Guandu, localizado em Afonso Cláudio, na região serrana do Estado, se queixam de abastecimento irregular de água, que já perdura mais de 15 dias. Na noite dessa terça-feira (29), cerca de 200 pessoas fecharam a rodovia Sebastião Alves de Lima, nas proximidades do distrito, em um protesto realizado entre 18h10 e 19h30, aproximadamente. Também foi feito um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Militar, de modo a informar às autoridades os motivos e o caráter pacífico da manifestação.
Segundo informações da comunidade, existem cerca de 450 casas em Fazenda Guandu, e pelo menos a metade delas estava totalmente sem água até a manhã desta quarta-feira (30). Os problemas teriam começado em outubro de 2024, após o início das obras de reforma da rede de captação de água.
O acesso a saneamento e fornecimento de água em Fazenda Guandu se dá por meio do Programa Pró-Rural, com o qual a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) oferece suporte técnico a comunidades de pequeno porte. Desse modo, a Prefeitura de Afonso Cláudio fica com a responsabilidade de manter o sistema, mas a Cesan cuida da parte técnica.
Segundo moradores, a empresa que teria sido contratada pela Cesan para realizar as obras da nova rede de abastecimento abandonou o trabalho sem concluí-lo. “Algumas casas foram ligadas à rede nova, outras ficaram na rede antiga. A empresa alegou que não tem mais contrato com a Cesan e largou a população ao ‘Deus dará’”, afirma Tamirinho Belfi, presidente da Associação de Moradores de Fazenda Guandu.
Com a inclusão das intervenções, os moradores têm convivido com a alternância de períodos de falta d’água com outras em que o abastecimento se regulariza temporariamente. “A prefeitura ficou de enviar um ofício para a Cesan para verificar se o contrato com a empresa acabou mesmo e, se for o caso, intervir para colocar o que falta na rede de abastecimento”, informa Tamirinho.
Apesar de a questão principal ser a falta de abastecimento regular de água, outros problemas também motivaram o protesto dessa terça-feira. “A comunidade sofre muito. Não temos uma área de lazer, de todos os distritos do município, o nosso é único que não tem uma pracinha. As ruas estão todas esburacadas, os esgotos vazando, sem limpeza pública, o matagal tapa a visão dos motoristas na rodovia, não tem ponto de ônibus, o campo de futebol está abandonado”, comenta João Galvani, morador de Fazenda Guandu.
Procurada por Século Diário, a Cesan se eximiu de responsabilidade. Alegou que viabilizou a implantação do sistema de abastecimento de água por meio do Programa Pró-Rural, mas que este é “operado em regime de autogestão pela própria comunidade, com apoio da prefeitura”. A ocorrência de falta d’água, informou, “foi provocada por um vazamento no filtro da estação de tratamento, que é operada pela administração municipal, a qual já está ciente da situação”.
Século Diário também tentou contato com a gestão do prefeito de Afonso Cláudio, Luciano Pimenta (PP), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
