Segunda, 13 Mai 2024

No discurso, propostas para mobilidade refletem manifestações de 2013

No discurso, propostas para mobilidade refletem manifestações de 2013
Claramente, as propostas de mobilidade urbana dos candidatos ao governo do Espírito Santo refletem as convulsões de junho de 2013, que incluíram o assunto na pauta política. De repente, o transporte coletivo virou prioridade, o individual motorizado é relegado, o uso da bicicleta precisa ser estimulado e o pedestre merece mais atenção. No discurso, a mudança de paradigma se efetivou. Vejamos na prática: ou seja, de 2015 em diante.
 
Refletem, sim, mas cada qual à sua maneira. O candidato do PT, Roberto Carlos, por exemplo, mostrou-se o mais burocrático. Afora misturar propostas de mobilidade com de infraestrutura - parecendo mais preocupado em movimentar cargas que pessoas, vide a quantidade de itens destinados à superação dos gargalos logísticos do Estado -, apresenta as propostas com secura. 
 
Defende “o planejamento e investimentos em sistemas de transporte coletivo (corredores exclusivos de ônibus, BRT, sistema aquaviário, entre outros), definindo o melhor modal para cada região; ampliação da rede cicloviária, facilitando o uso de bicicletas e similares; fortalecimento e desenvolvimento do Plano de Mobilidade Estadual”. 
 
A candidata Camila Valadão (Psol) expõe as ideias mais interessantes, não tanto em função de projetos palpáveis, mas, porque, antes, apresenta um conceito de cidade. O programa da candidata do Psol não entende mobilidade apenas como uma espécie de gestão de deslocamento no espaço físico. Mobilidade, ali, denota antes a construção de uma cidade viva. Para ela, modelos de mobilidade centrados no transporte individual motorizado não conseguirão superar os problemas cotidianos nas ruas.
 
A candidata também vê a mobilidade como questão de saúde. Andar de bicicleta em ciclovias, ou seja, com segurança, andar em ônibus com conforto e agilidade, promover o uso de veículos não poluentes e andar a pé com segurança são atividades que promovem a saúde. Para o programa da candidata, pouco saudável é amparar no carro um modelo de mobilidade.
 
Os dos primeiros pontos são dedicados à bicicleta. A candidata defende a conclusão e a ampliação “em caráter de urgência” das ciclovias na Grande Vitória e nos principais centros urbanos capixabas. Mas não fala em uma malha cicloviária interligada e estruturada, o que ainda não temos. Ela também fala na implantação de um sistema público de disponibilização de bicicletas. A atual gestão leva adiante um projeto público de aluguel de bikes, cujo edital, no entanto, foi suspenso pela Justiça.
 
Camila também sugere, entre outros pontos, a suspensão do edital de concessão do Sistema Aquaviário para repassar a gestão à Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), que será estruturada para tal função. Sugere ainda a revisão imediata das concessões do serviço público de transporte coletivo, para maior regulação estatal; a implantação da Tarifa Zero; e a criação de uma Secretaria de Mobilidade Urbana, cuja estrutura seria montada para atender, prioritariamente, ações para transporte público.
 
Com base no que classifica de “mercantilização da vida”, o candidato socialista Mauro Ribeiro (PCO) parte do princípio de que, como elemento essencial à vida, transporte não é mercadoria. Ribeiro defende de modo genérico a estatização, sob controle popular, dos transportes coletivos. Defende ainda a implantação de ciclovias, VLT e Aquaviário.
 
Ex-governador e, novamente, aspirante ao Palácio Anchieta, Paulo Hartung (PMDB) pincela suas propostas com um verniz democrático ao dizer que ele é, por ora e tão-somente, “um convite à descoberta e ao debate”. 
 
Sobre a Região Metropolitana da Grande Vitória, Hartung defende um novo modelo de financiamento de implantação e operação do sistema de transporte público, em que investidores serão estimulados a financiar a implantação de novas tecnologias, como BRT, Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT), monotrilho, aquaviário, entre outras. Mas em oito anos, Hartung pouco fez para redesenhar o modelo de mobilidade da Grande Vitória. 
 
O candidato propõe, ainda, acelerar projetos que estão em andamento: implantação do BRT, do acesso sul de Vitória e concluir a Rodovia Leste Oeste. Ressuscita a ideia de uma nova ligação entre Vitória e Vila Velha (vide a ideia do túnel saindo de Ilha de Santa Maria e desembocando na Glória) e, dentro da ideia de um novo modelo de investimento em transporte público, defende o financiamento via Parceria Público Privada (PPP) e, claro, o estímulo ao uso da bicicleta.
 
O candidato à reeleição Renato Casagrande parte de um princípio importante: a cooperação entre Estado e municípios no planejamento, elaboração e execução de projetos. Mas apresenta de forma burocrática. 
 
Tal diretriz norteia as propostas do candidato: apoiar os municípios na elaboração de seus planos municipais de mobilidade urbana; priorizar o financiamento de projetos que associem modais, como ônibus, aquaviários, VLTs e outros (Casagrande fala em VLT, mas o BRT reina absoluto, mas não inquestionável); apoiar a implantação de ciclovias e melhoria de passeios públicos (ação em que a gestão do socialista tem se mostrado pouco eficaz, à exceção da implantação do alentador Bike GV); e apoiar o planejamento do transporte urbano, entre outros. 
 
É pouco para quem sentiu na pele a fúria das Jornadas de Junho.

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