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Protetores expõem mortes de aves e abandono do Parque Pedra da Cebola

Situação é atribuída à “negligência continuada” da Prefeitura de Vitória

Leonardo Sá

Um cenário de violência e abandono é registrado no Parque Pedra da Cebola, em Vitória, resultado da morte de diversas aves e do desaparecimento de animais que viviam no local, além de ferimentos em sobreviventes, como descrevem protetores que denunciam o caso nas redes sociais. Fernando Furtado de Melo, um dos voluntários que cuidam dos gatos que vivem no parque, classificou a situação como um “Natal de horror” e responsabilizou a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) pelo que chamou de “negligência continuada”.

Ele aponta, em vídeo, que perus, galinhas e oito gatos castrados que habitavam o parque não estão mais no local. “As aves gritam alto e forte a qualquer ameaça”, completou, reforçando que o comportamento é típico de animais que passaram por situações de estresse extremo.

Segundo Fernando, vigilantes do parque relataram que os animais teriam sido atacados por cães. “Ninguém viu nem ouviu nada”, questionou, ao apontar contradições nas explicações apresentadas. O vídeo expõe várias penas espalhadas pelo local, além de animais sobreviventes com ferimentos visíveis.

Voluntários registram penas espalhadas pelo parque. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O protetor também criticou o abandono do parque pela Prefeitura de Vitória, agravado com a permissão da entrada de cães, em 2023, e a falta de uma política efetiva de proteção da fauna que vive na área. A denúncia reacende um debate antigo envolvendo a gestão da Pedra da Cebola, especialmente após a decisão de permitir a entrada de cães, feita sem estudos adequados de impacto sobre os animais que vivem no local.

Ele relembra que a medida já havia sido criticada por parte de ativistas, que alertaram para o extermínio de cem gatos castrados. “Os cães estavam proibidos desde a criação do parque, em 1997. “Irresponsáveis!”, repudia. O grupo contabiliza oito colônias de gatos, além de alguns que vivem mais dispersos.

Na época, Fernando relatou que os animais são cuidados, “alimentados todos os dias, tratados, vermifurgados, fizeram exames de HIV e leucemia de gatos”, e que “vivem juntos com os outros animais em harmonia”, e classificou a decisão da prefeitura como “maus-tratos aos animais e má gestão”.

Arquivo Pessoal

Os problemas se somam ainda a um contexto de fragilização histórica do entorno do parque, também criticada pela Associação de Moradores da Mata da Praia, que se mobilizou contra a venda de um terreno que foi incorporado ao espaço na gestão do prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e destinado à iniciativa privada por lei de Pazolini, em 2024. Para os defensores dos animais, a retirada gradual de proteções tem contribuído para situações como a agora denunciada.

A presidente da entidade, Silvia Gomes de Morais, afirmou, na ocasião, que a proposta não foi discutida com os moradores, e recorda que o terreno estava abandonado, com acúmulo de lixo. Por isso, a associação solicitou ao então prefeito Luciano Rezende que incorporasse ao Parque da Pedra da Cebola. A partir daí, os profissionais que cuidam da limpeza do parque passaram a cuidar também desse espaço, que, aponta, contém árvores e outras plantas, como pés de hibisco.

O terreno é contíguo ao parque no acesso pela Avenida Demerval Lyrio, que leva ao portão de entrada para a única área de estacionamento do local. A associação chegou a encaminhar ofício para a gestão municipal solicitando o veto do projeto de lei, mas sem sucesso.

A Pedra da Cebola é uma das áreas verdes mais conhecidas de Vitória, com importância ambiental, paisagística e histórica. Além de ser espaço de lazer, o parque abriga diversas espécies de animais, muitas delas dependentes da proteção humana para sobreviver em meio à urbanização. Protetores cobram medidas urgentes para garantir segurança às espécies encontradas em estado de vulnerabilidade, incluindo revisão das normas de acesso, reforço na vigilância e políticas de bem-estar animal.

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