Terça, 14 Mai 2024

Quase um ano depois, ''Tia do Cauê'' sai da praça, mas as intenções ficam

Quase um ano depois, ''Tia do Cauê'' sai da praça, mas as intenções ficam


Ela foi embora. A mulher de corte chanel e mãos ao volante que anunciava jovialmente o corte de uma das praças mais tradicionais de Vitória para a implantação do sistema BRT (via exclusiva para ônibus) não está mais na Praça do Cauê. Era uma campanha do governo estadual que espalhou motoristas felizes por diversos pontos da Grande Vitória. 
 
Esses personagens promoviam o Programa de Mobilidade Metropolitana. Ali em Praia de Santa Helena, os motoristas que vinham da Reta da Penha se deparavam com o anúncio: “Novo acesso à Terceira Ponte na Praça do Cauê. Em breve, mais uma obra do Governo do Espírito Santo para você”.
 
Tão logo instalada, em julho do ano passado, a “Tia do Cauê” deflagrou uma controvérsia em torno da praça de inefável valor histórico, prevista no Novo Arrabalde do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. Apresentado em 1896, o projeto tinha o objetivo de conferir ares modernos a uma ilha que, ao final do século XIX, era um arremedo de cidade.
 
“Para que cortar a praça?”, questionava-se, enquanto a Tia do Cauê lançava sorrisos. Dois encontros entre prefeitura, governo estadual e cidadãos aconteceram para debater o projeto. Em um domingo, uma ocupação lúdica tomou o Cauê, que, a partir de então, virou Praça do Ciclista.   
 


A discussão não boiou em polêmica rasa. Deflagrou-se uma série de ricos debates em torno da velha mas crucial questão: afinal, queremos uma cidade para as pessoas ou para os carros? 
 
Nas audiências, os cidadãos ficaram com a primeira opção: como se sabe, o fluxo atravancado na região em horários de pico não é efeito da praça e, sim, do pedágio da Terceira Ponte. Retirar a praça seria apenas dispor o engarrafamento em linha reta. 
 
Mais que isso, não seria inteligente remover um espaço de lazer e convivência pública - na maioria, os moradores de Praia de Santa Helena presentes nas audiências se colocaram contra a secção da praça - em favor da carrocracia. 
 
Segundo a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop), como a placa era uma campanha sobre o Programa de Mobilidade Urbana, a ideia era deixá-la apenas por um período. Não houve recuo da intenção de cortar a Praça do Cauê para a implantação do BRT. No entanto, completa a secretaria, ainda não há um novo projeto.

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