Quarta, 15 Mai 2024

Sinticel alerta para jornada exaustiva na Aracruz (Fibria)

O acidente ocorrido com o trabalhador Wescley de Oliveira na noite dessa quarta-feira (26) desvela uma situação de risco recorrente a que os trabalhadores são submetidos na fábrica da Aracruz Celulose (Fibria). Com o passar dos anos e a mudança de comando, os trabalhadores vêm perdendo direitos, empobrecendo e trabalhando mais. O Sindicato dos Trabalhadores Papeleiros e Químicos do Estado (Sinticel) denuncia sistematicamente a situação atual de trabalho dos operários da fábrica. 

 
De acordo com o diretor da entidade, Joaquim Artur Duarte Branco, os trabalhadores operam máquinas pesadas e desenvolvem múltiplas atividades durante as horas de serviço.  Wescley de Oliveira ficou preso da cintura para baixo dentro de um equipamento da correia transportadora de toras para a picagem de madeira. Segundo Artur, esse equipamento é operado por meio de alavancas e as toras de eucaliptos que ficam presas à máquina são cortadas com o auxílio de motosserras. 
 
O diretor da entidade também alerta para o quadro reduzido de trabalhadores em atividade na Aracruz. Os operários que se aposentam não estão sendo substituídos, reduzindo o quadro da fábrica. O sindicalista também alerta para a redução no tempo de descanso. Aqueles que trabalham na escala de seis dias trabalhados para quatro de descanso, por exemplo, e ministram aulas em cursos de formação, fazem o serviço extra durante a folga. 
 
O empobrecimento dos trabalhadores e a perda de direitos também preocupam o Sinticel. Com as mudanças de gestão na empresa, os trabalhadores deixaram de receber o adicional noturno de 50% e o abono de férias de 70%. Além disso, o plano de saúde passou ser pago pelos trabalhadores, bem como os exames. Os procedimentos de custo mais elevados passam por burocracia antes de serem aprovados e os trabalhadores não são avisados do descredenciamento de médicos e clínicas.
 
Contribui ainda para o processo de empobrecimento dos trabalhadores a extinção do fundo de pensão, chamado de Arus, plano de saúde e seguro de vida integrais, as gratificações por tempo de serviço, o abono de férias de 40% e a aposentadoria vitalícia.
 
Acidentes
 
O trabalhador Wescley Oliveiras permanece internado no hospital Metropolitano, na Serra, e passou por mais uma cirurgia nessa quinta-feira (27). Ele teve pernas e bacia esmagadas ao ficar preso no equipamento que operava. O trabalhador esperou por socorro por uma hora e meia preso à máquina. 
 
Com a terceirização da equipe de socorro e salvamento da Aracruz, os atendimentos dessa gravidade têm de ser pelo Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que ficam na sede do município de Aracruz (norte do Estado), enquanto a fábrica da empresa está localizada na região litorânea do município. 
 
Na madrugada de quarta-feira, 16 horas antes do acidente de Wescley, o operador de empilhadeira Jairo de Oliveira Souza, ligado ao Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), morreu esmagado por um fardo de celulose que pesava duas toneladas. O acidente ocorreu no Terminal Especializado da Barra do Riacho (Portocel), porto da Aracruz, localizado no distrito de Barra do Riacho, em Aracruz. 

Veja mais notícias sobre Cidades.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quarta, 15 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/