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2017 que se arrasta

O movimento de paralisação da Polícia Militar de fevereiro de 2017 está longe de ficar no passado. Um ano e quatro meses depois, vários acontecimentos ainda pipocam, deixando claro que a ferida está mais aberta do que nunca. 

Policiais militares sendo expulsos da corporação; julgamentos simultâneos na Justiça militar e comum do Espírito Santo; além de um pedido de federalização dos julgamentos com novos desdobramentos: manifestação-bomba da procuradora-geral da República, que não poupa críticas ao governo Paulo Hartung. 

Raquel Dodge assinalou, com duras palavras, que a greve representou uma grave violação aos direitos humanos, “reflexo da atuação deficitária do governo, que possibilitou que a barbárie tomasse conta do Estado. Quem deveria agir para evitá-la omitiu-se, falhando gravemente na proteção social que devia ao cidadão”, não economizou a procuradora-geral da República.    

Desde o fim do movimento, o governador Paulo Hartung adotou um discurso de “tolerância zero” para punir os “responsáveis” ou “envolvidos” no movimento paredista. Na prática, dos 19 expulsos depois de investigação interna da Corporação, até então, apenas praças, mostrando que, como sempre, a corda rompe pelo lado mais fraco. Interesses políticos dominam os bastidores, poupando os oficiais da navalha. 

Não adianta provas como filmagens, áudios e conversas que comprovam o envolvimento de oficiais na paralisação, assim como suas esposas que também estiveram em frente dos batalhões. O procedimento interno para investigação dos comandantes foi arquivado na Corregedoria da PMES. No processo que segue na Justiça comum, na 4ª Vara Criminal de Vitória, apenas dois oficiais, o coronel Carlos Aberto Foresti e o capitão Lucínio Assumção se tornaram réus; nenhum ainda oficialmente desligado da Corporação. Das mulheres que também estão sendo julgadas, todas são esposas de praças. 

Por fim, no julgamento que terá início da Justiça Militar no próximo dia 4, dos 256 denunciados pelo Ministério Público do Estado (MPES), também apenas praças. Não foi á toa que a procuradora-geral reforçou ao Superior Tribunal de Justiça a necessidade de federalização dos julgamentos.   

Se a intenção do governo era punir e isolar os que considera cabeças do movimento, o tiro tem saído pela culatra. O último expulso da corporação, o soldado Nero Walker, que já assinalou pré-candidato a deputado estadual pelo PSL, alega que agora está mais livre do que nunca para direcionar sua artilharia contra o Palácio Anchieta. E não está sozinho, outros possíveis candidatos, como o Capitão Assumção (PSL), também estão na lista da oposição mais ferrenha ao governo. 

Pelo jeito, nesta eleição, não faltarão vozes para lembrar o quanto Paulo Hartung e sua equipe foram omissos em relação a um movimento que exigia apenas o que lhe era de direito: diálogo, reposição salarial e melhores condições de trabalho. 

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