Os movimentos recentes do governador Paulo Hartung (PMDB) mostram que ele não é mais o mesmo. Vem atuando fortemente para tentar controlar a Assembleia e prepara uma estratégia de estrangulamento para a eleição em Vitória. Mas por que tenta fechar qualquer tipo de brecha que possa insinuar uma vitória de um campo adversário?
Simples. Embora tenha vencido a eleição contra Renato Casagrande (PSB) no primeiro turno, Hartung saiu muito desgastado do pleito. Gosta de dizer que a o País saiu dividido da eleição presidencial e tenta fazer de conta, em frente às Câmeras, que não percebe que o mesmo aconteceu no Estado.
Hoje ele não reina soberano no Espírito Santo, sabe que por mais que tenha isolado Renato Casagrande, ele continua vivo, e muito. Enquanto isso vê sua popularidade despencar com medidas muito antipáticas à sociedade, sob o pretexto da crise e uma suposta má gestão de seu antecessor. Desculpa que já não cola.
Diante da fragilidade de sua vitória, ele tenta consolidar-se como grande liderança do Estado, como foi no passado, mas as ações atuais são bem menos discretas. A articulação para barrar qualquer possibilidade de formação de um blocão é digna de um período da vida política do Brasil contra a qual ele mesmo lutou: a ditadura. A chamada aos deputados para dissolver blocão e a forçação da emenda para impedir formação de outros blocos arrancariam palmas do general Geisel.
Mas a governabilidade não é suficiente. Ele precisa vencer na Capital, onde o atual prefeito Luciano Rezende (PPS) em um passado recente decidiu enfrentá-lo e saiu vivo.
Agora, o prefeito até tenta se reaproximar do governador, mas aos poucos está entendendo que não há perdão para quem enfrenta Hartung e uma estratégia de dividir ao máximo os votos, com uma proliferação de candidaturas todas com seu DNA para impor uma derrota a Luciano que, por tabela, afetaria o ex-governador Renato Casagrande, que o adotou como candidato.
As cotoveladas de Hartung podem ter um efeito adverso em seu futuro político. Seu capital começa a dar sinais de esgotamento e novas forças políticas entendem que Hartung não permite o crescimento de outras lideranças e concentra demais poder. Sem boas cartas na manga vai começar a perder o jogo e tem muita gente em volta da mesa esperando para jogar.
Fragmentos:
1 – O antigo militante petista e um dos mais aguerridos do movimento negro, Saul Pereira, costuma se referir ao secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Estado, João Coser (PT), como “João Costura”.
2 – Isso porque, quando o a militância do PT está articulando para seguir em uma direção, vem Coser e “costura” outras movimentações, levando o PT para outro caminho.
3 – O deputado Sérgio Majeski (PSDB) segue sua peregrinação pelas escolas do interior do Estado. Nessa quinta-feira (25) ele esteve em São Roque do Canaã e Barra de São Francisco. Nesta sexta-feira (26), ele visita unidades de Ecoporanga.

