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A lei de ouro

Muitas são as crenças e religiões existentes mundo afora, com suas diferenças  criando atritos, desavenças, inimizades e guerras que se prolongam por séculos e milênios. Em nome da fé muito sangue correu neste mundo infiel. Mas se bem analisadas, quase todas as religiões têm mais pontos em comum  que dissidências. A chamada regra de ouro para a conduta de um fiel parece se repetir na maioria das religiões da terra.
 
No Cristianismo, está escrito no Evangelho segundo Lucas: “Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”.  No Budismo está em Udana – Varga: “Não fira os outros de maneiras que você mesmo se sentiria ferido”.   No Induísmo está em Mahabharata: “Esta é a soma das obrigações; não faça aos outros aquilo que não gostaria que lhe fizessem”.  No Islamismo está em Sunnah: “ Nenhum de vós é um crente até que desejes a teu irmão o que desejas para ti mesmo”.
 
No Judaísmo está no Talmud: “O que pareça odioso para você, não faça a seu próximo. Essa é a única Lei; tudo o mais é comentário”. São muitos ismos,  mas o preceito é um só, e já existia no Código de Hamurabi (1780 aC). Essa é a primeira lei dos mandamentos de Moisés: “Ame teu próximo como a ti mesmo”. Os nove mandamentos seguintes, assim como todas as leis, estatutos,  decretos, ordens, regras, credos, máximas, doutrinas, jurisprudências, preceitos, legislações, constituições e convenções criados depois são apenas comentários.
 
Se todos  seguíssemos essa regra de ouro, o mundo seria um lugar perfeito para se viver.  Imaginemos esse mundo ideal onde ninguém faria a ninguém o que não gostaria que lhe fizessem – não teríamos crimes, roubos, mentiras, traições… e por aí vamos, que a lista dos maus feitos humanos é muito mais longa que a dos bons feitos. A começar pela corrupção generalizada e enraizada que não nos deixa sair do círculo do terceiro-mundinho.
 
Mas mesmo na perfeição há falhas, e há momentos na vida em que essa lei não seria muito prática. Num jogo de futebol, por exemplo, o jogador pega a bola no meio do campo e avança para a pequena área – nenhum jogador do time adversário se intromete, pois não gostaria que se intrometessem com ele. Vai chutar em gol mas para, indeciso. Se marcar o gol o goleiro vai ficar numa situação difícil. Fosse ele o goleiro, não ia ficar nada satisfeito… Aplique-se a qualquer outra competição esportiva.
 
As eleições são a grande conquista das democracias, onde uns poucos ganham em detrimento de muitos. Num mundo ideal, os candidatos se ateriam a seus programas de governo, não se imiscuindo na vida particular ou no caráter dos adversários. Seriam gentis e educados uns com os outros…  Mas ganho eu a eleição se ao invés de falar mal do meu adversário,  for pro palanque elogiar suas virtudes e bons feitos, como gostaria que ele fizesse comigo?
 
E os casos de amor, onde as disputas e mudanças de sentimentos são frequentes, e apenas um ou uma pode levar o prêmio? Alda está apaixonada por Beto, que é namorado da Rita. Beto também está apaixonado por Alda, que não vai tomar o namorado da Rita porque não gostaria que outra lhe tomasse o Beto…  O mundo ideal não existe porque não somos perfeitos. O problema é que  abusamos do direito de sermos imperfeitos.

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