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A Ponte da Discórdia

A Terceira Ponte sempre esteve no centro das atenções dos capixabas. A principal ligação entre a Capital e Vila Velha é alvo de inúmeras polêmicas, desde a cobrança interminável do pedágio e, também, por questões ligadas ao contrato com a Rodosol e à segurança, como a discussão sobre instalar ou não dispositivos de bloqueio para evitar suicídios. Nos últimos dias, mais do que nunca, voltou ao debate, unindo de tudo um pouco, e com muita gente atrás de explorar o assunto com finalidade política. 

O assunto, desta vez, foi retomado – e ainda rende – após mais uma tentativa de suicídio, que deu um nó no trânsito de Vitória e Vila Velha, no último dia 12. Foram cinco horas de interdição nos dois sentidos, até que o Corpo de Bombeiros conseguisse negociar e retirar a pessoa do local. O fato, que alcançou ampla repercussão na imprensa, se transformou em moeda para ganhar holofotes e prestígio em ano de eleição. 

Primeiro, motivou novo pronunciamento crítico do deputado estadual Euclério Sampaio (PSDC). É ele quem, de fato, pode reividicar a discussão, pois tenta há anos aprovar no legislativo uma lei que obrigue a instalação de barreiras de proteção, mas foi derrotado por sucessivas manobras governistas, e tenta, sem sucesso, fazer andar o projeto que reapresentou em janeiro de 2017, sobre o mesmo tema. 

Para tirar o foco dele, que é oposição ao governador Paulo Hartung, apareceu Marcelo Santos (PDT), da base palaciana. Como presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia, providenciou uma reunião do colegiado, realizada nessa segunda-feira (18), para “cobrar” a instalação das hastes metálicas. O convidado foi o diretor da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP), Antônio Júlio Castiglioni Neto. A principal “revelação” do encontro: o equipamento não será instalado tão cedo.

A Agência de Regulação alegou que ainda “busca ideias” para o projeto. Essa mesma Agência, no ano passado, foi enfática em divulgar que a Rodosol deveria entregar o projeto até agosto de 2017 e até uma empresa de engenharia já estaria contratado para tal. Blefe!

Num movimento de defesa da concessionária, que não quer gastar um centavo com a intervenção, Marcelo Santos (PDT) chegou a sugerir que o Estado busque recursos para instalação da barreira com a Vale e ArcelorMittal. Mas, como bem lembrou Euclério, essa conta é da Rodosol – as poluidoras têm as delas (ou pelo menos deveriam).

Dois dias depois da tentativa de suicídio e “convocação” da reunião da Comissão de Infraestrutura, uma “coincidência”: o governo anunciou um novo sistema de cobrança de pedágio, alegando que iria reduzir os congestionamentos, como se fosse uma determinação imposta à Rodosol para melhorar a mobilidade urbana. 

Se o desejo era mostrar serviço e continuar empurrando com a barriga as questões que envolvem a ponte, o tiro saiu pela culatra. No terceiro dia do novo sistema, a medida em nada ajudou a melhorar o tráfego em horários de pico. A área continua um caos, com reflexos em toda a Capital.

Governo e base aliada de um lado, oposição do outro, a ponte e suas discórdias estão longe de sair do centro de debates, principalmente em ano eleitoral. Enquanto isso, a Rodosol continua por aí, rindo à toa, livre de qualquer sanção e só contabilizando os lucros.

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