Quarta, 24 Abril 2024

​A rodovia da morte

Os argumentos da concessionária ECO-101, conhecidos há pelo menos quatro anos pelos capixabas, voltam a ser repetidos agora, com o reforço da pandemia do coronavírus, para justificar o atraso nas obras de duplicação da rodovia BR-101, que corta o Estado. Já não convencem, mas, inexplicavelmente, vão possibilitando postergar medidas mais drásticas do que ações burocráticas, inócuas para reduzir o número de mortes na rodovia.

Às voltas com frequentes denúncias de irregularidades no cumprimento do contrato de concessão do trecho capixaba da BR-101, firmado ainda em 2013, a concessionária ECO-101 sempre se apresenta às reuniões apontando para a crise econômica como principal fator para as irregularidades.

Ao apresentar nessa quarta-feira (3) à Comissão Especial de Fiscalização da Concessão da BR-101, na Assembleia Legislativa, os resultados dos trabalhos realizados desde 2013, representantes da ECO -101 disseram que em sete anos foram investidos mais de R$ 100 milhões em obras, o que possibilitou a recuperação de 300 quilômetros de malha viária. 

No entanto, até o momento, a área que foi efetivamente duplicada pela empresa corresponde a um trecho de 32,5 quilômetros, podendo chegar a 47,2 até o final do ano, ou seja, apenas 10% do que deveria ter sido feito, como estabelece o contrato de concessão. Com o agravante, desta vez, de anunciar a suspensão das já atrasadas obras de trechos, usando como argumento a pandemia.

Entoar o "canto da sereia" dos 500 empregos gerados pela concessionária, os impostos arrecadados e estatísticas da redução de acidentes não é o bastante para alterar o sentimento de indignação com a atuação da empresa no Espírito Santo. Na realidade, os benefícios esperados com a privatização da rodovia ainda se encontram bem distantes da expectativa inicial.  

Tanto é assim que dos 197 quilômetros que seriam duplicados, o mínimo foi entregue até hoje. Enquanto isso, o número de acidentes se mantém em níveis significativos, em especial no trecho Campinho-Serra, considerado um dos mais perigosos do País. 

Há ainda a morosidade das obras, registrada a partir do município de Viana, na Grande Vitória, e de Guarapari a Anchieta. Em todos os casos, desculpas são apresentadas, mas, ao invés de contribuírem para a normalização dos serviços contratados, servem para maquiar as atividades da empresa, muito aquém do desejado. Enquanto isso, o pedágio continua funcionando a todo vapor, desde sempre, inclusive com sucessivos reajustes.

Por tudo isso, já passa da hora de os poderes constituídos adotarem medidas mais drásticas, como revisão nos termos contratuais, a fim de que a situação seja, enfim, normalizada. Nem que seja com a suspensão do contrato. 

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