Quinta, 18 Abril 2024

​A vitória dos jovens

O adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) anunciado nessa quarta-feira (20) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC), é uma demonstração plena de que é possível alterar os rumos dos acontecimentos impostos pela máquina de gestores públicos, corrigindo estratégias a fim de beneficiar a sociedade. 

Mais relevante é o fato de a iniciativa ter partido de grupos de jovens estudantes, o que comprova que essa importante parcela da população está em plena ebulição, alinhada aos interesses coletivos. Vale lembrar a atuação da juventude em embates sociais que desaguaram em alteração dos rumos da história, no Brasil e em vários países.

Movimentos como os "Caras Pintadas", que deflagraram a queda do governo Fernando Collor, e, mais recentemente, o "Occupy Wall Street", em Nova Iorque, em protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância e a corrupção, entre outros, representam demonstração de força, com a capacidade de influenciar setores da máquina burocrática e, desse modo, alcançar os objetivos.

O adiamento da prova do Enem foi possível depois que o movimento atingiu outras esferas sociais, com destaque para a classe política, conseguindo, legalmente, anular a intransigência do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro se mostra insensível aos danos causados pela pandemia do coronavírus, incluindo nesse sentimento os milhares de mortos registrados no País.

Com a derrota do governo no Senado, onde o projeto pelo adiamento foi aprovado por 75 votos, com apenas um contrário, do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, o ministério recuou e decidiu pelo adiamento, que será decidido em votação pelos inscritos para ocorrer em 30 ou 60 dias.

A vitória dos jovens é mais relevante quando se observa que o adiamento da prova do Enem motivou uma mobilização para além dos estudantes, já que envolveu outros apoiadores como artistas e movimentos sociais, e também as famílias dos alunos que almejam ingressar no ensino superior.

O movimento estudantil é vitorioso não apenas pelo adiamento, mas por ter demonstrado ser possível ampliar o leque de pessoas envolvidas em torno de uma causa justa. Embora ainda não tenha atingido o objetivo pleno, pois ainda faltam adequações. No Espírito Santo, por exemplo, o programa EscoLAR, promovido pelo governo estadual para a educação à distância durante a pandemia, apresenta uma série de limitações e não consegue atender à demanda dos estudantes.

Existem setores sem acesso às comodidades possibilitadas pela tecnologia e algumas famílias não possuem espaço nem computadores, o que dificulta o acesso aos conteúdos, situação que exige a adoção de medidas urgentes.

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