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A voz das ruas

Congresso Nacional aprofunda desconexão com a sociedade

Por José Carlos Pigatti

Os atos realizados no último dia 14 nas capitais do País não surgiram do nada. Eles são expressão direta de um sentimento crescente de indignação popular diante de um sistema de justiça que pune com rigor os de baixo e trata com complacência os de cima, e de um Congresso Nacional que, em larga medida, legisla contra os interesses da maioria do povo brasileiro.

Do ponto de vista do povo trabalhador, a crítica à dosimetria das penas é uma denúncia da seletividade penal que marca a história. No Brasil, a lei pesa sobre os pobres, negros, trabalhadores e moradores da periferia, enquanto empresários, banqueiros e políticos envolvidos em grandes escândalos seguem, muitas vezes, protegidos por brechas legais e acordos convenientes. A Justiça deixa de ser um instrumento de igualdade, para se transformar em ferramenta de manutenção dos privilégios.

Paralelamente, o Congresso Nacional aprofunda sua desconexão com a sociedade. Dominado pelo poder econômico e interesses corporativos, o parlamento tem se mostrado eficiente para desmontar direitos trabalhistas, fragilizar políticas sociais e blindar os próprios privilégios, mas incapaz de responder às demandas urgentes da população. Quando o Legislativo atua dessa forma, perde legitimidade e se distancia do princípio fundamental da democracia: a soberania popular.

As manifestações devem ser compreendidas como parte do conflito social que estrutura a sociedade brasileira. O povo ocupa as ruas porque sente no cotidiano o peso das decisões tomadas sem sua participação: o salário que não acompanha o custo de vida, o serviço público sucateado, a insegurança e a desigualdade naturalizada. A rua passa a ser, mais uma vez, o espaço legítimo de denúncia e resistência.

Defender a democracia, na visão do povo trabalhador, vai além da defesa abstrata das instituições. Significa lutar por justiça social, igualdade perante a lei, e um Estado comprometido com os interesses da maioria. Criminalizar protestos populares enquanto se tolera a atuação predatória de elites políticas e econômicas é uma contradição que corrói a própria democracia.

Os atos do dia 14 deixam um recado claro: sem justiça e sem um Congresso a serviço do povo, a insatisfação e a indignação seguirão crescendo. Cabe às forças progressistas transformar essa indignação em organização, consciência política e projeto coletivo de país, capaz de romper com a lógica que concentra poder, renda e direitos nas mãos de poucos.

As vozes que ecoaram nas ruas no dia 14 de dezembro não foram de ódio nem de destruição. Foram vozes de indignação, mas também de esperança. Vozes que denunciaram a impunidade, a injustiça seletiva e um Congresso que insiste em legislar contra o povo trabalhador. Vozes que lembraram ao país que democracia não se sustenta sem justiça social.

É a partir dessas vozes da rua — firmes, plurais e cheias de coragem — que desejamos boas festas a todas e todos que não se conformam com a desigualdade, que não aceitam a lei dura para os pobres e branda para os poderosos, e que acreditam que o Brasil pode ser justo.

Que o novo ano seja marcado pela superação da impunidade, pelo fortalecimento da democracia real e pela reconstrução de um país onde o Congresso esteja a serviço do povo, e não dos privilégios. Que 2026 seja um tempo de mais participação popular, mais direitos, mais trabalho digno e mais respeito à vida.

Que o Ano Novo traga justiça onde hoje há seletividade, paz onde hoje há exclusão, e igualdade onde ainda imperam a fome, o preconceito e a concentração de riqueza. Que a esperança que tomou as ruas no dia 14 siga viva, organizada e transformadora.

Boas festas! Que o próximo ano seja de luta, solidariedade e conquistas para o povo brasileiro!

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