Um carreiro de formigas na calçada avisa que nas redondezas há algo novo. Novo porém normal nas circunstâncias vigentes. O que houve?
Houve um despejo de lixo açucarado: office-boys motoqueiros que fazem ponto na esquina deixaram latinhas no chão. Não só latinhas mas bitucas e embalagens de comida.
Se alguém se desse ao trabalho de avisar o zelador, o síndico, a faxineira ou a Limpeza Pública ou a Vigilância Sanitária, podia ser que no fim do dia, vendo tudo limpo, as formigas fossem se dedicar a outra tarefa, como catar folhas ou sanear os próprios ninhos.
Mas ninguém parece se tocar para a sujeira dos motoqueiros impenitentes nem para as criaturinhas minúsculas que surgem do nada para fazer a faxina que se impõe.
Admiráveis formigas, não tecem nem fiam, tampouco fazem mel ou seda, mas estão em todos os lugares, de dia ou de noite, sempre prontas a fazer seu serviço.
Servicinho de formiga, dirão vocês, vertebrados superiores, mas pensem num mundo sem formigas: quem nos avisará disso ou daquilo?
Desconfie dos lugares sem formigas. Ao lado dos cupins, denominados térmites pelos cientistas, elas são os insetos mais antigos da Terra.
OK, existem outros insetos e diversos animais ao redor, mas as formigas são insubstituíveis como vigias denunciadoras dos desequilíbrios recorrentes, a maioria deles fruto da ignorância humana.
Elas aparecem na superfície e trabalham de modo organizado em função da sobrevivência de sua espécie, mas vivem no interior da Terra à revelia da humanidade.
Se a civilização humana acabar amanhã ou depois, como preveem alguns cientistas, as formigas serão testemunhas privilegiadas da hecatombe.
Te liga na formiga.
LEMBRETE DE OCASIÃO
Aos cegos é lícito brandir bengalas.