Domingo, 19 Mai 2024

Além da rua

As manifestações das ruas começam a perder fôlego. Embora ainda haja focos de protestos País afora, o número de manifestantes e a intensidade das mobilizações de massa diminuíram. Nacionalmente, a diminuição pode ter vindo das respostas dadas pelo Executivo, com as reuniões da presidente Dilma Rousseff com prefeitos e o projeto de Reforma Política enviado ao Congresso. Embora isso não tenha sido exatamente um dos pedidos da rua.
 
O Legislativo também deu sua contribuição atuando em matérias de apelo popular, como a rejeição da PEC 37 e a aprovação da tipificação da corrupção como crime hediondo. Nos estados vizinhos, a diminuição da pressão pode ter vindo pela redução das tarifas do transporte público. E no Espírito Santo? Bom, no Espírito Santo a coisa é diferente. 
 
Criou-se uma expectativa nos manifestantes de que haveria um desfecho para uma reivindicação que surgiu bem antes de o “gigante acordar”. As lideranças políticas, sem ouvir as ruas, armaram uma arapuca para os manifestantes, que responderam com uma ocupação da Assembleia Legislativa. 
 
Interessante que os mecanismos usados pela população comum são os mesmos que em outros tempos foram grandes armas do movimento social e sindical. Movimento que parou o País na quinta-feira com a greve geral, pareceu mais do que um movimento por melhoras nas condições de vida da população. Uma ação para mostrar que o movimento ainda existe e que esse espaço, a rua, é dele. 
 
Mas além de retomar seu espaço, o movimento sindical, as centrais, deveriam se perguntar por que esse espaço lhes fora tomado. O fato é que há muito tempo a forma de atuação das centrais não vem ao encontro dos anseios de suas categorias e muito menos da sociedade como um todo. 
 
Cansada de esperar que os aparelhos representativos fizessem seu papel, o cidadão comum foi para a rua. Aí o movimento foi atrás, atrasado, atrapalhado, sem conseguir o mesmo impacto. Apelou para a paralisação do trânsito, o que pode ter atrapalhado o próprio movimento, já que as pessoas ficaram sem locomoção até para participar dos atos. Chamou a atenção, ocupou a rua. 
 
Mas fica a pergunta: E agora, o que fará a sociedade civil organizada para garantir a interlocução com o Estado e retomar o papel de legítimo representante dos anseios da sociedade? O jeito é esperar para saber se o protesto de quinta terá reflexo ou foi só uma tentativa de demonstração de força. 

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