Sexta, 26 Abril 2024

Angu de um dia só

A coluna quer chamar a atenção dos rodoviários para um golpe que está se desenhando entre a diretoria do sindicato e empresários. Às vésperas de fechar o acordo coletivo, o prato que será servido à categoria é de salivar. Além do reajuste de 10% – índice acima da inflação –, as empresas oferecem tíquete alimentação, cesta básica, plano de saúde familiar e seis meses de auxílio doença.



O que os empresários oferecem é muito mais do que a categoria imaginava. Inclusive, um movimento grevista já estava sendo preparado. É preciso ficar atento. Como diz o ditado, quando a esmola é demais, o santo desconfia.



No ano que vem os rodoviários vão às urnas escolher a nova diretoria. Com os trabalhadores enfeitiçados pelo acordo deste fim de ano, corre o risco de o processo eleitoral ficar contaminado. A hora de mudar a diretoria é agora, ou ficam os trabalhadores à mercê de problemas ao longo dos próximos anos.



Uma oferta assim, não vai sair barato. A sociedade, evidentemente, vai pagar a conta com o aumento da passagem. Mas isso não vai bastar, o arrocho nos próximos anos pode ser esperado. O que é demais hoje, vai faltar no futuro, durante bons anos.



É uma questão delicada. Mas a categoria tem que entender, olhar além dos benefícios. Nunca foi fácil conseguir metade do que está sendo oferecido, se está vindo agora é fruto de um conchavo. Mais do que essas garantias há outras questões que precisam ser colocadas à mesa de negociação. O sindicato deve fazer uma pauta de reivindicações que vá além da questão salarial.



Entre essas coisas estão jornada de trabalho, garantia no emprego, qualidade dos veículos, participação de lucros, além de um serviço de qualidade para a população, afinal quem é cobrado pelo usuário é quem está dentro do coletivo. Essa pressão é grande.



O sindicato deve ter um planejamento a longo prazo, não apenas uma discussão pontual na época da data-base. Parece aquele tipo de agente político que deixa para fazer todas as obras no último ano do mandato, querendo reeleição.



Atenção trabalhadores: fiquem atentos. Não se deixem enganar por benefícios vindos de conchavo. Isso não é sindicalismo, é compra de voto. Até agora não houve nem assembleia de consulta à categoria. O acordo está sendo por cima. É bom, mas tem que ver o que está por trás.



Angu de um dia só não engorda cachorro.

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