Sexta, 26 Abril 2024

As contas não fecham...

Essa conta descritiva é o que vem ocorrendo concretamente com a população brasileira. Há alguns anos já não existe mais aquela “burocracia” para abertura de conta bancária, também está mais acessível o cheque especial, além das propostas de diferentes cartões de crédito.


 
Somado a isso, o governo, preocupado em manter aquecida a economia, promoveu a redução nos juros para empréstimos, financiamentos, para o cartão de crédito, mas tem deixado a desejar no cumprimento de seu papel anterior e principal, o de investir na educação financeira para a população brasileira aprender e ser estimulada a usá-los com consciência.
 
Na ansiedade de realizar sonhos antigos e diante do incentivo fiscal, do crédito fácil e da falta de educação financeira, as compras ocorrem até “sem querer”, e o pior, sem fazer contas. As faturas dos diversos cartões de crédito da família geralmente chegam junto com o crédito do salário e, consequentemente, com os descontos dos créditos consignados em folha e das despesas lançadas no débito automático, passando este a ser o dia D para o estresse.
 
Após o “susto” vem o medo, chegando até a um surto de tensão, preocupação e pânico. Noites de insônia, descrença no futuro, girando aquele círculo vicioso do endividamento que culmina com o adoecimento de toda a família, assunto tão debatido neste espaço.
 
O discurso é semelhante, chegando a aplicar a fraseologia padrão “não sei para onde foi o meu dinheiro”. Foi naquelas faturas dos cartões de crédito com juros agora reduzidos onde a “tentação” fez você comprar aquilo que nem precisava, em suaves 24 ou até 60 prestações. E agora, o imediatismo, a urgência, leva a pensar que a solução é pagar a parcela mínima do cartão para não deixar de honrar com as suas despesas do mês. O mês acaba, entra o próximo, a situação e a resposta se repetem e novamente apaga-se o fogo optando por pagar a parcela mínima do cartão de crédito.
 
A bola de neve, não tão visível e nem tão compreensível, passa a aumentar sem sair do lugar. Pagando a parcela mínima do cartão de crédito amortiza-se pouco o valor da dívida inicial e posterga-se o pagamento daquilo que foi comprado talvez até por impulso, sem necessidade, talvez nem tão barato como imaginava e que agora vai consumir nos juros, a sua renda mensal.
 
O que falta é uma visão sistêmica sobre a situação e depois aplicar o que conhecemos, apurar as despesas mensais fixas às compras parceladas no cartão de crédito, aos empréstimos consignados em folha de pagamento, chegando assim ao montante das despesas previstas para aquele mês, depois para o próximo mês e assim por diante, devendo lançar durante o ano calendário as despesas planejadas e posteriormente as realizadas.
 
Faltam o controle, a disciplina e as boas escolhas, responsáveis pela tomada das rédeas da vida financeira. A ponte para isso é a educação financeira.


Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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