Foi corajosa a atitude da senadora Ana Rita de contestar os dados das pesquisas de intenção de votos para a disputa ao Senado feitas pela Enquete e pelo Futura e publicadas, respectivamente, nos jornais A Tribuna e A Gazeta.
As duas pesquisas simplesmente ignoraram a senadora do cenário que sondava a intenção de votos aos candidatos que concorrem a uma cadeira no Senado nas eleições do próximo ano.
Após a publicação das pesquisas, Século Diário chamou a atenção dos leitores ao fato de a senadora não ser considerada em nenhum dos senadores construídos pelos institutos. Este jornal frisou que a não inclusão do nome de Ana Rita era no mínimo incoerente.
A pesquisa do Futura, publicada no último domingo (4), propôs dos cenários na corrida ao Senado, ambos com perguntas estimuladas, ou seja, o eleitor apontava o candidato favorito a partir de uma lista prévia apresentada pelo entrevistador. No primeiro cenário aparecem Paulo Hartung (PMDB), João Coser (PT) e Fabiano Contarato (PR). Já o segundo substitui Hartung por Rose de Freitas e mantém Coser e Contarato. E nada de Ana Rita.
Ora, a senadora é candidatíssima, como ela mesma já declarou diversas vezes à imprensa, inclusive a mesma que agora a ignora. A obrigação dos institutos era considerar um terceiro cenário com Ana Rita no lugar de Coser, usando a mesma lógica aplicada no caso Rose e Hartung, ambos do PMDB.
Mas a senadora petista não deixou barato. Enviou ofício aos institutos pedindo uma explicação para seu nome não figurar em nenhum dos cenários.
A pergunta da senadora, diga-se, é bastante razoável. Os institutos é que terão dificuldade para encontrar uma resposta plausível para dar à senadora.
Talvez o Futura apresente a desculpa esfarrapada que a senadora foi “traço” na pesquisa, é por isso não a consideraram. Eles podem dizer que o mau desempenho da petista está confirmado na pesquisa espontânea. Podem alegar ainda que, na espontânea, Ana Rita foi citada por 4,4% dos entrevistados, no bolo “outros nomes”. Isso, porém, não impediria que a senadora fosse incluída em um terceiro cenário da estimulada.
O período eleitoral nem começou oficialmente, mas o episódio envolvendo a senadora já pode ser interpretado como prenúncio do que vem por aí.
Não é de hoje que os institutos jogam com os dados para favorecer o candidato A em detrimento do B. O caso de Ana Rita é patente. Fez muito bem a senadora de pôr o pé na porta para mostrar aos poderosos institutos que esse tipo de manobra não será tolerada, pelo menos por ela. O questionamento da petista também serve de alerta para o leitor/eleitor ficar de olhos bem abertos.