Quarta, 08 Mai 2024

Ausência não abonada

Deixar de marcar presença em certos eventos da agenda pública pode ser considerado um desastroso erro político. Assim pode ser classificado o "bolo" que o governador Renato Casagrande deu nas entidades sociais ao não comparecer à solenidade de assinatura do Programa de Educação em Direitos Humanos (PeDH) e do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos (PeEDH).

 
Casagrande não foi e mandou no seu lugar o vice Givaldo Vieira, que não é lá muito bem visto pelos movimentos sociais desde que ficou encarregado de negociar o impasse com os estudantes contra o aumento da tarifas de ônibus. Aquele fatídico episódio que transformou o Centro da capital capixaba em  campo de guerra, com direito a queima de ônibus e tudo o mais. 
 
Quase uma semana após o evento, que aconteceu na última segunda (10), as entidades sociais resolveram questionar o "bolo" do governador por meio de uma nota. 
 
No texto, as entidades lembraram que os documentos começaram a ser construídos em em janeiro deste ano, quando foi assinado o Decreto n° 2944-R, pelo próprio governador, instituindo o Grupo de Trabalho (GT) que teria como missão elaborar o PeDH e o PeEDH.  Ou seja, as entidades aguardavam com expectativa o evento que selaria a finalização dos trabalhos com a assinatura dos documentos. 
 
Além do bolo em si do governador, o seu representante, o vice Givaldo Vieira, não recebeu a incumbência de assinar os documentos. A desculpa repassada aos representantes das sociedade civil também não colou. Disseram que o governador não poderia assinar o documento porque ainda não teria tido tempo de lê-lo. Embora o mesmo fora enviado ao Palácio Anchieta há mais de um mês.
 
Na nota, os representantes das entidades exigem, com razão, uma explicação plausível para imbróglio. “Não podemos tolerar que a mais alta autoridade pública do Estado dissimule qualquer posição num tema que é tão importante para essa população, tão violentada e afastada de seus direitos, e deveria sê-lo também para o poder público, visto que os índices mostram que o Espírito Santo é mau exemplo nacional e internacional no que diz respeito à afirmação de direitos humanos”. 
 
O termos da nota são duros. Um bem dado puxão de orelhas no governador. Os militantes de direitos humanos não estão exagerando. Não é para menos. Após oito anos de governo Paulo Hartung, as organizações sociais acreditavam que passariam a ter uma boa interlocução com o governo do Estado que prometeu tratar as demandas sociais com mais zelo, num ambiente mais democrático.
 
A sensação que fica é de que Casagrande desdenhou a importância do evento, que era tratado como um marco para os representantes das entidades sociais. Eles acreditavam que o ato solene do chefe do Executivo poderia ajudar a virar a página de violações que este Estado assistiu nos últimos anos. 
 
É por essas e outras que o governador tem de ouvir comentários iguais a de um leitor de Século Diário, que não perdeu a oportunidade de tratar o bolo de Casagrande com uma tirada irônica: "Quem sabe ele estava plantando árvores na Samarco e não teve como comparecer", escreveu o leitor em referência ao fato de o governador ter estado num evento da mineradora na mesma semana. 

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Quinta, 09 Mai 2024

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